Uma entrevista com Mary Torres Ribeiro e Carina Mignon, integrantes do movimento “Santa Maria do luto à luta”
A noite de 27 de janeiro de 2013 alterou muitos caminhos. Das vítimas fatais levou vidas e esperanças. Daqueles que ficaram mudou a rotina, agora marcada por sentimentos conflitantes como a tristeza pelas perdas, a revolta para que justiça seja feita e o afeto recebido e doado entre quem antes nem se conhecia. Santa Maria se transformou entre sentimentos de recriar uma cidade conhecida por sua população jovem e universitária a partir do que a memória não deixa calar: fomos abruptamente combalidos, pais, mães, irmãos, avós, amigos, todos buscam entender juntos o peso da dor e da injustiça.Nestes dois anos desde a noite do dia 27, a cidade se reencontra com sua dor mais pulsante para não deixar esquecer e para não querer esquecer. A justiça que se busca é o caminho para menos dor. A dor que se propõe diminuir é a força de quem luta para que não se repita. Jamais, em lugar algum. Como dizem as mães de janeiro: “Não estamos pelos que foram, mas pelos que ficaram”. Carentes de sua dor própria, elas abdicam pelo bem de quem ainda vive. E assim a vida se refaz a partir do que dela foi tirado.
Desses sentimentos se fez dois anos de Santa Maria, das histórias cruzadas, da revolta gritada e da tristeza contida. Dois anos depois somos punhos em luta, pulsações de sentimentos e corações em luto. Neste 27 de janeiro de 2015, nossos corações estão em luta e nossos braços em movimento. A vida de tantos se transformou em símbolo de uma nova tentativa de viver de outros milhares: com segurança, com respeito à vida, com menos ganância e mais solidariedade. O fruto que surge da dor quer avisar que a árvore não secou, que a tristeza pela perda se converteu em luta pela justiça. Santa Maria está com corações apertados, mas acordados, e busca, mesmo que nossos passos sejam difíceis, encontrar um caminho onde a vida de cada um seja respeitada em sua mais grandiosa importância. Os muitos e inigualáveis que partiram são hoje nosso grito de esperança. Do luto, fomos à luta.
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