“A negação de ouvir sua história era a afirmação admitida do teor fantasioso dela. Ignorar sua fala e atentar ao seu corpo, sua expressão, a intensidade da fala e a velocidade dela, era permitir um diálogo fantástico de desencontro.”
Os monges copistas
Desde então, F. continuava a contar, o homem destinava para as anotações de monge copista mais e mais prateleiras de suas estantes, e a coleção não parou de aumentar. Um conto de Iuri Müller
Folhas do vento norte (VI). Fim de festa
Estavam no Parque, numa concha que também é clareira, e que se encheu de gente, som e sol para logo voltar ao cansaço, chegar ao fim de festa. O fim de festa é o que se estava vivendo ali. Um conto de Iuri Müller.
Folhas do vento norte (V). Carta a V.
Em poucas semanas o sol será o sol do verão, o sol de dezembro e de janeiro, e então não haverá mais manhãs frescas e tardes amenas. Haverá pouca coisa em movimento e eu te escreverei sem esta calma de hoje. Um conto de Iuri Müller.
O último dia de Horácio
“Nesse dia, Horácio despertou embrulhado em papelão na calçada da Presidente Vargas”. Um conto do colaborador Bruno Flores.
Folhas do vento norte (IV). A poeira das casas
Sobre isso conversavam, sobre aquela sina dos habitantes da cidade: não pertencer, mudar-se com frequência e disciplina, ter os casacos sempre a postos, longe dos cabides definitivos dos armários clássicos. Um conto de Iuri Müller.
O embrulhinho
Talvez tivesse deixado-o sobre a mesa. Foi consolando-se com mentiras de algodão-doce, até sentar-se diante da máquina de escrever e constatar que o embrulhinho sumira de fato. Pelo viés da colaboradora Munique Duarte.
Folhas do vento norte (III). Nuvens no fundo do mar
A cerração havia tomado as esquinas e os montes, descera para a cidade como se ali resolvesse ficar por alguns anos. Um conto de Iuri Müller.
São Thomé das Letras em dois atos: (I) O Horizonte do Monte Imantado
Ato I: conto-reportagem. Três viajantes santa-marienses decidiram passar uma noite em São Thomé das Letras, a cidade mineira onde – diz a lenda – quem fica mais de uma semana jamais poderá ir embora.
Folhas do vento norte (II). Depois do sonho
Foi quando resignou-se a acordar e passou a escutar os diálogos que se confundiam com os apitos que o vento trazia de longe. Um conto de Iuri Müller.