"Pílula Fica, Cunha Sai": Marcha em Santa Maria (RS)

O ano de 2015 tem mostrado a cara do governo escolhido nas eleições de 2014 para tomar conta de nosso país. Com um Congresso que é o mais conservador desde 1964, não são poucos os ataques às minorias, aos direitos sociais e trabalhistas. Seguindo esta lógica, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, colocou em pauta novamente seu Projeto de Lei (PL) 5069, de 2013, que trata de aumentar a punição para a prática de métodos abortivos, além de abranger o que é entendido como método abortivo, e dificulta o atendimento hospitalar para as vítimas de estupro (para saber mais sobre o assunto, clique aqui). Além de Cunha ser suspeito de desviar mais de 20 milhões dos cofres públicos, como já comprovam os extratos enviados pelos bancos suíço e estadunidense, vem atravancando pautas importantes da Câmara com projetos deste teor conservador, como o projeto para punir a “heterofobia”, outra proposta de lei descabida em um país onde a população LGBTT sofre com ataques violentos e ainda não é amparada pela legislação. Por outro lado, a percentagem da população hétero é a grande maioria e não há registros de violência a estxs, enquanto um gay por hora sobre ataques violentos no Brasil.
Caso o PL 5069 seja aprovado, a pílula do dia seguinte também é encarada como abortiva, embora a medicina comprove que em um dia é impossível acontecer formação fetal e, inclusive, o Conselho Federal de Medicina (CFM) se declare favorável ao aborto até os três meses de gestação. Também, as vítimas de estupro necessitariam passar por todo o procedimento de registro de Boletim de Ocorrência (BO) antes de serem atendidas. Isto é gravíssimo na medida em que o assédio sexual tem características de violência emocional e física devastadoras e, ainda, sabemos como o registro do BO pode ser moroso. Em que condições essas mulheres chegarão aos hospitais? Que traumas, além da violência já sofrida, estaremos inferindo a estas mulheres se lhe negamos atendimento imediato?
Os passos para a emancipação da mulher vêm sendo dados aos poucos. Cada direito conquistado e reconhecido é fruto de muita luta, muita organização e pressão das mulheres sobre os setores conservadores. Sendo assim, várias frentes feministas têm se mobilizado para conter os retrocessos propostos por Cunha. O movimento feminista deste ano, em que milhares de mulheres já foram às ruas, especialmente nos últimos meses, têm sido chamado de “Primavera das Mulheres”, isso porque são elas que vêm puxando a contenção de pautas retrógradas e o “ForaCunha!”.
Em diversas cidades aconteceram marchas e protestos. No dia 13 de dezembro, em Santa Maria (RS), houve a manifestação intitulada “Pílula Fica, Cunha Sai”. Jéssica D’Ornellas, uma das organizadoras e estudante dos cursos de Serviço Social e Psicologia, explica a motivação: “A Primavera das Mulheres chegou nacionalmente trazendo como pauta principal a derrubada do Cunha, entendendo que ele é um retrocesso na luta das mulheres, um retrocesso na luta dxs LGBTs e um retrocesso nas lutas étnico-raciais. A gente precisa se empoderar e ocupar os espaços públicos, como a rua, para pedir a derrubada dele. O movimento das mulheres, na história dos movimentos sociais, sempre foi muito forte na derrubada do conservadorismo. Por isso trazemos hoje a repercussão dessa luta das mulheres aqui em Santa Maria”.
Abaixo, fotos da marcha. Clique em cima para as ver maiores e completas. 
                                                                        
“Pílula Fica, Cunha Sai”: Marcha em Santa Maria (RS), pelo viés de Liana Coll

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