Tem dias que parece que o tempo passou mais do que em seis anos. Em outros, o sentimento é de que tudo recém iniciou. Que os passos são os primeiros, que os vacilos são os primeiros, que as vitórias são as primeiras.
Mas, olha, não são os primeiros. Podem vir a serem os primeiros de muitos outros, se pensarmos, de forma otimista e esperançosa, que ainda há uma porção de anos por vir. Nesse sentido, é só o começo.
Porém, ufa mesmo, atingimos os seis anos de revista o Viés.
Começando ou não, a cancha que ganhamos nos permite suspirar relativamente aliviados. É satisfatório demais chegar até aqui, ver o que foi construído, refletir sobre os planos do que ainda poderá ser erguido. Analisar friamente o que não deu certo. Pensar com o coração no que ainda pode dar certo.
Eles dizem que a nossa causa vai mal, que o inimigo parece invencível, que nossas palavras de ordem estão em desordem. Eles também dizem que são tempos de refluxo, de coletivos que deixam de sê-los, de amigos que o rosto escondem, de companheiros que a causa não mais une. Sabemos de tudo isso. Os tempos são mesmo de desordem. Mas a ordem não é a resposta.
Na desordem em que o mundo se encontra, nos encontramos com outros desordeiros. A revista o Viés não chegou aos seis anos sem “mil tretas”. Se formos burocráticos e contarmos nos dedos, talvez mil seja um número até pequeno. Mas, também, e mais importante, não chegamos até aqui sem mil trocas. Sem mil parceiros e parcerias.
A situação do mundo – e a situação brasileira – não vão bem. A gente sabe. Mas estamos aí, nos fluxos e nas trocas, procurando não maquiar um mundo desgostoso, mas criar a partir da desordem. Unir a quem também está descontente. Nesse descontentamento, criamos a nossa satisfação – paradoxalmente, a alegria de existirmos e podermos criar e recriar. Nos envolver com as tretas, mas nunca sem delas tirar as nossas trocas. Nesses seis anos, assim que foi. Não ousamos dizer como será, mas, hoje, aqui, queremos agradecer a quem conosco esteve até agora e – ainda bem – pode respirar aliviado, junto da satisfação de levar uma causa (muitas causas, na verdade) adiante.
Porque se foram mil tretas, mil também foram as trocas, as trilhas, os trampos, as tribos que contam as histórias da revista o Viés na busca pelas mil tréguas. A quem sempre esteve dando aquela mão amiga nos tempos bons e nos tempos difíceis, a quem sabe que ninguém constrói nada sem problemas, nosso amigo abraço. Sabemos que os problemas estão depois do lugar que construímos. Portanto, valeu tudo porque o depois é agora. E o agora é só felicidade. E ainda bem que muito bem compartilhada.
Mil tretas, mil trocas: os seis anos da revista o Viés, pelo viés da Redação.