Soneto da tranquila consciência combativa proletária
Nos anos da grande conciliação,
Quando o pelego muito se esbaldava,
O que em última instância me alegrava
Era instigar o medo no patrão.
E por isso eu parava a produção:
Estancava a mó que me triturava.
E quando a greve geral se anunciava,
Na bandeira escrevia: Revolução!
E tal memória é que me faz tranquilo:
Lutei contra a repressão policial
Sem perder a ternura, nem o estilo.
E conquistei quase tudo o que eu quis:
Enfrentei a ordem do capital,
Comi, bebi, fodi e fui feliz.
Soneto da tranquila consciência combativa proletária, pelo viés de Avalor Passos Dias*.
*Avalor é ginógrafo e proletário.