Soneto da Vadia
(Para a Madalena apedrejada)
Eu insisto na prática profana
De atirar ao vento a palavra crua,
A contrapelo da barbárie nua
Que floresce da realidade insana.
Resisto na dor que de mim emana
E encarno a pulsação voraz da rua.
Vou contra qualquer forma que me exclua:
Sou vadia, sou cadela, sou putana.
Na imoralidade é que me esmero.
E por isso querem me fazer crer
Na culpa. Não creio, nem desespero:
Embriago-me, deliro de prazer,
Subverto, transgrido, ando onde quero
E fodo com quem eu bem entender.
Soneto da Vadia, pelo viés de Demetrio Cherobini*.
*Demetrio é doutorando em Educação na Universidade Federal de Santa Catarina.