Editorial: Nova roupa colorida


A proposta de um Viés que é novo, mas nem tão novo assim, é a de verter de dentro de suas possibilidades construídas — no contato com grupos, movimentos e pessoas —, de suas relações de parceria, reformulando e lutando pela democratização da comunicação, pelo direito e pelo potencial que todas e todos temos de nos comunicarmos livremente.
 
O Viés enquanto canal múltiplo entre grupos e pessoas que concordam em torno do fazer comunicação de uma maneira transformadora e plural é uma das propostas que trazemos. Há ainda mais parceiros, colunistas, colaboradores e a abertura de mais conteúdos, aproximando-se dos vários interesses que temos, como um programa semanal na Supernova Rádio Web, crônicas, charges, entrevistas, poemas, contos, fotografias, séries especiais — e o que mais der na veneta.
 
Essas mudanças não são um desvio no caminho, mas um complemento, uma lapidação que acrescenta. No lugar de ruptura com o que vinha sendo praticado, existe uma continuidade feita a partir do trabalho colaborativo de várias pessoas — e, assim, entramos e reformamos aquela velha roupa que já não servia mais.
 
Quem programou o layout e a organização interna do site foi Luiz Fernando Rodrigues. Os publicitários Amanda Levy e Felipe Holman pensaram marca e divulgação da nova identidade visual. E, além deles, juntaram-se vários novos fixos no conteúdo de texto (a lista completa segue no fim do texto). Com todo mundo junto, o contato direto com as pautas das e com as pessoas ainda é o nosso foco — aliás, sempre será.
 
Quem sabe ainda veremos a comunicação como um todo ganhar uma nova capa — e mais — ganhar um novo recheio, de verdade. Novos motivos e várias motivações para reformular pautas, preencher brechas e reconstruir planos. Tudo isso para quebrar os muros que uma comunicação ajudou a construir e donde queremos ver novas estruturas serem erguidas, espaços onde todos possamos fazer parte de algo mais coletivo.
 
A mudança provoca deslocamento e reorganização. Inicialmente, pode assustar, mas é com ela que respostas surgem para perguntas que já não dão conta da realidade. Novas perguntas se formulam para instigar o caminho. O novo, no entanto, vem carregado de passado e de tudo que já foi experienciado e teorizado anteriormente. Não é do nada, mas de um ponto de vista que envolve história e crítica. Desse modo, o jornalismo que pretendemos seguir é um jornalismo a contrapelo, vinculado à sociedade e à política.
 
Há um interesse em construir narrativas vindas dos lugares onde a vida acontece silenciosa, onde a história contada pelo viés de quem venceu não satisfaz e, muitas vezes, não condiz com o vivido pelas pessoas. Nesse momento, nos propomos a discutir a relevância de algumas pautas em detrimento de outras, redimensionar o espaço fornecido para algumas discussões, explorar os estereótipos para um consequente desmantelamento deles e dos preconceitos gerados a partir dos mesmos. Não há interesse em se focar nos fatos pelos fatos, alimentar noções vagas de sucesso, de enaltecer vitórias do poder ou fragmentações maniqueístas. A ideia ‘a contrapelo’, por isso, é originária dos escritos de Walter Benjamin, que, por sua vez, escreveu sobre uma história a contrapelo, onde se pode ver com outros olhos a relação entre vencedores e vencidos. Quer dizer, o Viés está novo, mas continua com a ideia de romper o jornalismo conformado com a ordem dos vencedores históricos.
 
Que a novidade nos atice, nos inconforme e nos movimente. Que o novo sempre venha, como essa nova comunicação que queremos.

 

Os novos colaboradores fixos da revista o Viés:

 
GAPIN –  O Grupo de Apoio aos Povos Indígenas é um coletivo com sede em Santa Maria, mas que atua em todo estado nas diferentes frentes de luta dos povos indígenas.
Movimento Santa Maria do Luto à Luta – Coletivo organizado e impulsionado por familiares de vítimas e sobreviventes da tragédia na Boate Kiss.
Co-Rap – O Coletivo de Resistência Artística Periférica reúne diversos artistas de Santa Maria ligados a cultura Hip-Hop. Além de impulsionar artistas locais, o coletivo organiza diversas atividades, como o Guerrilha da Paz e a Batalha dos Bombeiros.
Jornalismo B – site de análise crítica da mídia. Além disso, veicula quinzenalmente um jornal impresso gratuito nas ruas de Porto Alegre. Na revista o Viés, encontraremos o trabalho dos jornalistas Alexandre Haubrich e Bruna Andrade.
Luiz Henrique Coletto – jornalista formado pela UFSM, mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ, ativista pelos direitos humanos e vice-presidente da Liga Humanista Secular do Brasil (LiHS).
Iuri Müller – Iuri é jornalista formado pela UFSM e mestrando em Escrita Criativa pela PUC-RS. Além de sua colaboração no Viés, o jornalista mantém o blog ruasoriano.wordpress.com.
Atílio Alencar – Atilio é produtor cultural, midialivrista e aspirante a escritor, formado em História pela UFSM e egresso do ativismo em educação popular.
Alcir Martins – Alcir é graduado em História e servidor técnico-administrativo em educação da UFSM. Atualmente faz mestrado em Ciências Sociais, também na UFSM.
Calvin Furtado – jornalista formado pela Urcamp e estudante de Ciências Sociais na UFRGS.Trabalha com jornalismo e cinema, desempenhando as funções de diretor de produção, roteirista, produtor de conteúdo, produtor cultural, repórter, fotojornalista e assessor de imprensa.
Marília Denardin Budó – É jornalista e advogada formada pela UFSM, mestra pela UFSC e doutora pela UFPR. Atua na área de criminologia e, atualmente, é professora do IMED (Instituto Meridional), em Passo Fundo, e da UNIFRA. logo
 

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