Hoje, dia 4 de junho de 2014, uma semana após a manifestação intitulada “Manifestação Pública contra a forma como foi extinto o vestibular da UFSM“, ocorreu a II Marcha pela Educação Pública de Santa Maria. O ato, organizado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), movimentos e coletivos sociais e coletivos de educação popular, teve como ponto de início a praça Saldanha Marinho, no centro de Santa Maria, e iniciou às 10h. Os integrantes, compostos basicamente de acadêmicos e servidores universitários, estudantes de escolas públicas e de cursinhos populares, encontraram-se na praça, onde convidaram os presentes a somar-se, e logo seguiram por ruas centrais da cidade.
Durante a caminhada, panfletos explicativos quanto ao propósito da marcha foram entregues e, do alto do caminhão de som, ouviu-se as falas de representantes de entidades e coletivos, as quais reforçavam o caráter excludente do vestibular e a necessidade de implementação de medidas que ampliem o acesso de parcelas historicamente marginalizadas na sociedades ao ensino superior. Ao longo da marcha ainda se ressaltou a importância da aprovação do Plano Nacional de Educação pelo plenário da Câmara dos Deputados no dia de ontem, o que representa uma vitória, mas não motivo para desarticular a luta por uma educação pública de qualidade, uma vez que é preciso assegurar o cumprimento do plano e, ainda, pautar as transformações no ensino público que ainda são incipientes.
A marcha teve como motivação as recentes mudanças quanto à forma de ingresso na Universidade Federal de Santa Maria. Os cartazes, faixas e falas expressavam o desejo de uma universidade plural, onde a entrada seja acessível a todos, sem distinção de condição econômica. Os participantes manifesteram apoio à decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), que votou no dia 22 de maio a extinção do vestibular como método de ingresso à UFSM e a, enfim, adesão à Lei 12.711, de 2012, a qual institui a reserva de vagas para ensino superior em 50% para estudantes de ensino público. Além disso, a II Marcha pela Educação Pública de Santa Maria foi uma resposta ao ato ocorrido há 7 dias, o qual contou com participação de estudantes de cursos pré-vestibular privados e de empresários locais e demonstrou descontentamento quanto às medidas aprovadas pelo Cepe.
Em resposta ao empresário Paulo Brandt, um dos organizadores da manifestação ocorrida na terça-feira passada – e que chegou a afirmar que a extinção do vestibular era “a segunda maior tragédia de Santa Maria” – os participantes do ato de hoje pararam em frente à loja Brandt, no calçadão, entoando repúdio às suas declarações. Ao passo que a marcha alcançava o gabinete do prefeito, Cezar Schirmer, as falas também dirigiam-se a ele – Schirmer chegou a afirmar, na semana passada, que a extinção do vestibular era um “desastre” e a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) um instrumento “ideológico” .
Após a marcha, houve uma aula pública, também na praça Saldanha Marinho. Durante a aula foram discutidas as formas de ingresso ao ensino superior e as cotas. Ressaltou-se o caráter excludente do vestibular e a importância de se pensar em medidas de permanência aos estudantes de ingressam nas universidades. Sobre as cotas, as falas dirigiram-se para a emergência de medidas de reparação à histórica segregação de negros e à exclusão da população de baixa renda. O consenso, para os que participaram da II Marcha pela Educação Pública de Santa Maria, é o de que a unificação do método de entrada nas universidades e a ampliação da porcentagem de cotas é apenas um pontapé inicial das mudanças que necessitam ocorrer para um ensino superior verdadeiramente universal.
7 DIAS DEPOIS, SANTA MARIA MARCHA PELA DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO , pelo viés de Liana Coll.