Não curto afeminados. Esta é, provavelmente, uma das frases mais comuns em aplicativos (como Grindr, Scruff e Hornet) e chats voltados para homens gays. Tal ideia provoca sensações diferentes em quem as lê, do incômodo à aquiescência. Afinal, gosto é gosto, não se diz por aí? E não gostar não significa desrespeitar. Este afago na consciência diante de construções como esta (há outras para outros gostos) não passa de uma estratégia confortável para não pensar no tema.
Minha concepção quanto àqueles que empregam tal expressão é de que reproduzem homofobia, homofobia internalizada e misoginia. Entretanto, reconhecendo a existência de uma estratégia muito confortável para subsumir a “repulsa” por afeminados – qual seja, dizer que é “questão de gosto” – quero explorar o contexto social (ou cultural) desta questão de forma mais elaborada.
Vivemos numa dada cultura, que não é abstrata ou ideal. E ela pode ser diferenciada, ainda que hoje bem menos em função da globalização e do multiculturalismo, de outras culturas em muitos aspectos. Assim que, por exemplo, o antropólogo Peter Fry fez a primeira teorização sobre a homossexualidade brasileira nos anos 1970, identificando certa estrutura hierárquica de homens/bofes e bichas, que, para ele, não era a mesma do mundo anglo-saxão de onde vinha (Fry é britânico). Os primeiros, ativos, não perdiam necessariamente seus status de homens e o acesso a uma masculinidade heteronormativa; os segundos, passivos, não eram mais homens, tampouco mulheres; eram bichas, e o acesso à masculinidade “ISO 9001” não era mais possível. Eram bichas.
Isso foi há algumas décadas, muitas críticas foram feitas a tal abordagem, e muita “água teórica” rolou depois (especialmente com a teoria queer). Ainda assim, não é raro encontrar esse sistema classificatório operando em muitos locais do país, inclusive entre homens gays. É inegável que todos que hoje possuem algum grau de esclarecimento sobre a questão precisaram de muito esforço para lutar contra isso, inclusive para pensar sobre suas próprias expressões de gênero, seus corpos e suas práticas sexuais. Só isso, e apenas isso, já é um ponto relevante para o que estou dizendo aqui.
O exemplo acima serve para reiterar a abertura do parágrafo anterior: vivemos numa dada cultura, que não é abstrata ou ideal. Portanto, é nesta cultura que discursos e imagens funcionam, e é tendo-a em vista que analisamos como discursos operam, que ideologias refletem e que relações de poder ajudam a manter. Essa cultura, então, tem atributos muito fortes no que diz respeito ao que estou analisando: ela é machista, ela é heteronormativa e ela é racista. Quero chamar atenção para o machista e heteronormativa ao mesmo tempo, para detalhar: isso significa dizer, então, que é uma cultura antimulheres, antifeminilidade, antifeminização. Como este “anti” opera? Não exatamente como signo de morte (embora também), mas por meio de estruturas hierárquicas que conhecemos muito bem. A este respeito, para além do que estou dizendo, recomendo efusivamente ler um artigo de Gayle Rubin, publicado em 1984, chamado Thinking Sex: Notes for a Radical Theroy of the Politics of Sexuality (uma versão em Português pode ser vista aqui).
Bem, tais hierarquias são bem visíveis: tudo que for signo de ou lido como feminino, feminilidade, de mulher ou não masculino é pior que sua “contraparte” masculina. É por isso, portanto, que nesta nossa cultura: gay viril > gay afeminado; e mais: gay viril é sinônimo de gay cuja orientação sexual passe despercebida em função da expressão de gênero muito próxima daquela esperada de homens héteros viris. Não custa lembrar, igualmente, que: hétero viril > gay viril > gay afeminado, hierarquia que reitera a heteronormatividade.
Isso me parece ser relativamente consensual. Então quero seguir por este caminho, tendo em mente estas colocações sobre cultura, para pensar noutros marcadores que são objeto de discussão pelo viés do gosto. Não são raros também perfis em tais aplicativos com algo como “adoro homens ruivos”, “ruivos têm preferência”. Por que isso desperta pouquíssima atenção para um debate sobre gosto? Analisando nossa cultura, com base no que resumi do tema acima, é fácil perceber. Então uma objeção essencial à tentativa de subsumir a defesa de uma expressão homofóbica como “não curto afeminados” ao puro gosto, é ter claro que nem todas as manifestações de gosto carregam consigo uma história, discursos e ideologias preconceituosas. Por que não encontramos, pelo menos não com frequência digna de nota, frases como “não curto homens brutos demais, que cospem no chão e coçam o saco”? Não é uma boa caricatura da exacerbação de certa virilidade tal qual, na forma, a caricatura da exacerbação de certa afeminação da bicha que gesticula pulando no meio da rua? Por que, com tanta força e tantos discursos (“odeio afeminados”; “se for afeminado, nem chama”; “afeminado bloqueio na hora”), um é digno de nota e outro não?
O mesmo cuidado precisa existir ao pensar outro caractere comum neste debate de gosto, que é a negritude. Não se pode equiparar algo como “curto caras negros” com “só curto brancos” ou “adoro ruivos”. Parecem todos do mesmo campo, mas têm pesos muito diferentes. Ainda assim, a própria expressão “curto caras negros” merece cuidados, porque pode significar facilmente um objetificação, certa exotificação de homens negros. Já conversei algumas vezes sobre este tema com amigos negros (daqui e de fora do Brasil), e existem percepções diversas sobre isso. Alguns, efetivamente, sentem-se exotificados. Lembro-me de um amigo, com o qual saí algumas vezes, que me disse: “Luiz, preciso ‘aprender’ a comer, porque os caras vêm falar comigo e querem dar porque sou negro.” Ou seja: tal exotificação, frequentemente, significa o enquadramento do homem negro como “mais viril”, “mais másculo” e bem dotado. Ainda que sejam características que gozam de alto prestígio na nossa cultura, a não correspondência a elas significa não ser “o cara negro”. Por outro lado, ainda que seja exotificador, tal gosto não se equipara com sua negação (“só curto caras brancos”, por exemplo) em termos de linguagem e história. Então este segundo, sem dúvida, é bem racista se comparado com o primeiro, que é potencialmente exotificador.
Dito tudo isso, uma expressão como “não curto afeminados” não reflete apenas mera questão de gosto. Antes de discuti-la em si, deve estar claro o que ela traz consigo toda esta cultura, estes discursos, estas imagens e hierarquias que comentei acima. Já deveria ter sido digno de “pulga na orelha”, enquanto algo socialmente relevante, o fato de muitos discursos como estes existirem, e não seus opostos. Ou seja, deve ser digno de observação o fato de a afeminação ser tão repulsiva entre homens gays; a estratégia fácil de atribuir a isso “questões de gosto” (que não sabemos bem como esmiuçar, e por isso é confortável) é apenas uma máscara para o tema, e para o quanto formas de expressão de gênero são tão centrais para a sexualidade em nossa cultura.
Agora, o que é exatamente alguém afeminado? Certamente existe o “pacote completo”, que é a máxima caricatura. Mas e fora dela, quem escapa? Quem tem “passabilidade hétero”, ou seja, aquele que sempre ouve, quando revela sua homossexualidade, “mas nem parece”? Eu costumo responder a isso, ironicamente ofendido, que nunca quis parecer hétero, afinal, ser gay é ótimo. Gozar dessa passibilidade traz muitas privilégios, sabemos. E quando não se goza dela, sofre-se muito mais. A este propósito, outra recomendação de leitura, agora do Giancarlo Cornejo: La guerra declarada contra el niño afeminado: una autoetnografía “queer”. Então, ao reiterar este tipo de discurso, com variações quaisquer, está-se reiterando esta história, esta hierarquia, o peso desta opressão.
O que mais deveria intrigar é: por que é preciso dizer isso? Se você só sente tesão quando penetrado por um pênis de 22cm, por que é necessário dizer “pau pequeno, vaza”? Esta enunciação não cai no vazio, ela também se relaciona com uma série de outras questões sobre corpo, virilidade, ansiedades e inferiorização de corpos. Ninguém precisa encontrar-se com absolutamente ninguém por quem não tenha desejo. Seja esta razão uma expressão de gênero muito afeminada, um pênis muito pequeno, um peito muito peludo, etc. É possível, entretanto, lidar com isso sem reiterar discursos que se somam a discursos de ódio muito conhecidos.
Tão conhecidos que se repetem: todas as expressões a seguir foram salvas por mim (em prints) nos últimos meses no aplicativo Grindr. São apenas dos que estavam próximos de mim, constituindo-se em amostra minúscula:
“afeminados serão bloqueados”;
“um cara sussa […] não afeminado e que curte homem… menininha não, homem!”;
“odeio bichinha”;
“se for afeminado, nem chama”;
“não curto bichice”;
“#NÃO CURTO AFEMINADO”;
“atv. to fora de miados!”;
“busco real no sigilo e sem afeminação”;
“dispenso menininhas”;
“não curto afeminados. Com td respeito”;
“não curto cara afeminado, fumante ou passivo”;
“Mt boa pinta, descarto afeminados e assumidos, afim de caras de vida social ht…”;
“afeminados to fora”;
“não sou e nem curto afeminados”;
“não curto assumidos, nem afeminado e nem pessoas do meio. Se vc é, nem puxe papo”;
“#Afeminados não cliquem no botão azul ali”;
“So curto cara normalzão. N adianta ser sarado e viado”;
“Gosto de macho e não curto afeminados..”;
“caras sem frescura. Afeminados to fora.”;
“Ñ adianta ser lindo e sarado se for afeminado!”;
“discreto, afeminados nao incomodem”;
“Tem o minimo de afetação? Entao vaza”;
“ñ aos afeminados”.
Os outros (vários) perfis repetem frases iguais ou muito parecidas. Algo cheira muito mal aí. Entre disseminar um discurso homofóbico e com alta carga de preconceito ou ignorar um perfil cujas características não te atraem, ignore. Você só será, no máximo, deselegante.
Neste caso e em outros, nos quais nos deparamos com construções sobre gosto que reiteram discursos sociais que disseminam o ódio, é importante refletir. Em todos nós, existem abismos entre o que se passa na mente e o que verbalizamos e como o fazemos. Reconhecer uma rastro de discursos com certa história e refletir sobre como o endossamos ou não é uma forma relevante de analisar o gosto. E de decidir como vamos nos referir aos outros pela linguagem, como iremos reforçar ou não certas ideologias e como iremos manter ou não certas relações de poder opressivas.
SOBRE GOSTOS E AFEMINAÇÕES, pelo viés do colaborador Luiz Henrique Coletto
Luiz Henrique é mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ, ativista pelos direitos humanos e vice-presidente da Liga Humanista Secular do Brasil (LiHS).
Texto escrito com muita lucidez, argumentação elegante e uma aguda percepção da realidade. Há tempos venho debatendo esse assunto (a rejeição declarada aos afeminados entenddida como expressão do gosto ou expressão de homofobia/misoginia) em rodas de amigos, sem encontrar argumentos de tal fineza intelectual. Aprendi coisas bem legais com essa leitura. Obrigado.
Sinto em discordar. Sou um tanto quanto afeminado (mais que uns, menos que outros), mas respeito, sim, a não-querência por afeminados. Não quero obrigar ninguém a me engolir (com o perdão do duplo sentido). Apps de pegação têm como proposta fast-foda. E usando essa analogia com fast-food, é só pensarmos quando chegamos no McDonalds e já pedimos este sanduíche sem aquele ingrediente. É natural. Queremos ir direto ao ponto, tanto no McDonalds quanto no Grindr. Eu mesmo, apesar de certo grau de afetação, prefiro os menos afeminados, tenho mais tesão neles. Até tentei explicar sobre machismo pro meu pau,mas ele não entendeu, rs. E também acho natural que essa preferência seja a da maioria, afinal, gays curtem homens e, generalizando, quanto mais traços masculinos mais tesão haverá. Posso apostar com você que, entre as lésbicas, a preferência da maioria é pelas mais femininas. Isso mostra que não é exatamente misoginia, é apenas a potencialização da orientação sexual. “Se eu gosto de mulher, quanto mais feminina for, melhor.”
Querer obrigar todos os gays a sentirem tesão por todos os tipos de gay, ao meu ver, é usar o mesmo discurso fundamentalista que os homofóbicos usam. “Deixa o garoto dançar.” Deixa cada um buscar aquilo que dá tesão para si mesmo. Infelizmente, a maioria buscará os não-afetados, não importa quantos posts iguais a esse escreverem. MAS, felizmente, minha curta experiência em apps do gênero já me mostrou que “tem gosto pra tudo”. O machão vai conseguir uma presa mais facilmente, mas o afeminado, se souber garimpar, também vai gozar.
Não conheço você, autor, mas talvez até você se encaixe na maioria que chamou de machista. Faça um teste: da última vez que você bateu punheta assistindo a um filme pornô, os personagens estavam mais para machões ou mais para afeminados?
Se você respondeu a primeira alternativa – e eu poderia apostar que sim – você sentiu tesão pela macheza, você deu preferência para um não-afeminado.
Aceitemos. Que dói menos.
Mário, boa tarde. Agradeço seu comentário.
Antes de mais nada, a objeção que você levanta é a mais comum que ouço neste tipo de debate sobre o gosto. E concordar contigo exigiria que eu deixasse de lado o próprio debate (petição de princípio), o que significa não discutir gosto. Dito isso, não acho que discordemos sobre o ponto central (discordamos sobre outro) e vou explicar por quê.
Se você observar certos pontos específicos do texto, eu trato especificamente dos discursos em aplicativos de pegação que são discursos de ódio. Não trato de normatizar ou regular o gosto das pessoas, e sim o discurso sobre estes gostos. Inclusive, trouxe ao texto exemplos como negritude e tamanho do pênis. No finalzinho do texto, eu digo isto aqui: “Em todos nós, existem abismos entre o que se passa na mente e o que verbalizamos e como o fazemos. Reconhecer uma rastro de discursos com certa história e refletir sobre como o endossamos ou não é uma forma relevante de analisar o gosto. E de decidir como vamos nos referir aos outros pela linguagem, como iremos reforçar ou não certas ideologias e como iremos manter ou não certas relações de poder opressivas.”
Então, eu não estou defendendo que alguém fique com alguém por qualquer razão. Muito menos que se sinta atraído. Por isso eu jamais falei sobre obrigação ou “educação” do tesão, ainda que isso seja uma outra boa discussão, sobre politização da sexualidade e dos afetos. Conheço várias pessoas profundamente engajadas nisso, e não acho recriminável. Ainda assim, meu texto todo é uma crítica aos discursos, e não ao que se passa na nossa cabeça/corpo enquanto desejo.
Eu discordo bastante de você quanto ao enquadramento dos gostos de gays e lésbicas por parceiros(as) mais viris e mais femininas respectivamente. E o grande problema deste tipo de debate, novamente, é naturalizar os gostos e retirá-los da história e da cultura. É como se gostos não fossem parte da cultura e das hierarquias de valorização das pessoas dentro desta cultura. Eles são. Discuti-los e problematizá-los é desejável, e isto está bem longe de obrigar (uma ideia sua, não minha) as pessoas a sentirem tesão por quem quer que seja. Comparar isso com “discurso fundamentalista” é desolador.
Por fim, a minha crítica prescinde dos meus gostos pessoais. Eu não sou o mote do texto. Eu vou repetir: discursos de ódio contra homens gays afeminados refletem machismo, homofobia internalizada e misoginia. Simplesmente porque valoram negativamente traços de feminilidade, e amolam as facas para que gays afeminados sejam muito mais discriminados socialmente. Reconhecer isso não obriga ninguém a sentir tesão ou atração por homens gays afeminados. Assim como reconhecer que “body shaming” é prejudicial à vida e à autoestima das pessoas não significa sentir tesão ou atração por todos os tipos de corpo.
Aceitar discursos de ódio nunca dói menos, ao contrário. Problematizá-los dói mais mesmo. Cada um com suas escolhas. Um abraço.
Achei o texto pertinente no que se refere ao discurso sobre os gostos, mas é perceptível nele a defesa de que a cultura determina inexoravelmente os gostos sexuais e as pessoas exercem sua sexualidade da forma que a cultura quer. Isso é o extremo do determinismo cultural puramente ideológico que não encontra sequer lógica se considerando a realidade das relações sexuais na prática X legitimação cultural. Na minha franca opinião, as pessoas que querem “problematizar” os gostos sexuais são sim análogos aos discursos fundamentalistas e apenas usam desse eufemismo para tentar sorrateiramente normatizar as relações sexuais de acordo com suas aspirações.
Fato é que se os gostos sexuais fossem determinados pela cultural tal como você e seus colegas afirmam, inexistiram por completo quaisquer orientações hétero-diversas pois nenhuma delas é legitimada culturalmente e esta daria cabo desse gostos. E as pessoas via de regra não permitem que a cultura castre suas vivências sexuais. Então, a incidência dos discursos valorativos da cultura e sociedade se dão mais a nível do discurso de ódio e das exclusões sociais das pessoas desprestigiadas culturalmente. Se assim não fosse, machistas não transariam – e até casariam – com mulheres, ninguém transaria com afeminados e ninguém transaria com negros – nem mesmo outros negros. E não é porque fulano objetifica e acha que um negro é necessariamente viril e ativo que esta pessoa vai deixar de gostar desse perfil caso essa estereotipação seja discursivamente desfeita.
Enfim, acabei comentando mais sobre uma resposta a um comentário de um leitor do que do texto propriamente dito. Do texto, no que se refere ao discurso, concordo com ressalvas. Não acho que especificar o gosto em ambientes de caça sexual sejam necessariamente discurso de ódio. Acho que sejam sim, quando expressam uma repulsa totalmente desnecessária. E na prática, tanto faz uma pessoa falar que gosta de homem viril ou falar que não sente desejo por afeminados. Em ambos os casos, o afeminado saberá que está sendo preterido. Mas enfim, se for necessária que se exclua toda a menção afeminados/pintosos nos perfis públicos, eu seria a favor em prol da defesa da diversidade e contra o machismo no meio gay. Só irei me posicionar contra quando essas coisas tomarem viés de normatização dos desejos.
Achei a resposta incrível! Estava pensando exatamente nesse sentido!
Sou o cara que aparenta ser machão, que tem cara de bravo e tudo oo mais, mas é pura ‘propaganda enganosa’ sou super tranquilo e às vezes até um pouco afeminado… mas não é esse o ponto! QUero dizer que, é ridículo esse tipo de colocação, concordo, sim, que seja um reforço na sexualidade.
concordo com seu comentário,,tem gosto pra tudo.
Bela resposta. Conseguiu transmitir aquilo que pensei ao ler toda a matéria.
Senti uma ponta de mágoa nessa matéria..
Não concordo com você, claro! Mas me assusto com a sua escrita e reflexão, você atrela a orientação sexual ao papel de gênero “Se eu gosto de mulher quanto mais feminina for mais atraído serei por ela”…O tesão é algo muito subjetivo, não existe uma fôrma ou fórmula, você encontra diferentes pessoas que sentem tesão por diferentes coisas, partes do corpo, tipos de pessoas e isso não está relacionado com o gênero de cada um necessariamente. Penso que as pessoas se direcionam muito mais por uma norma que existe na sociedade, no nosso caso uma sociedade “bofecêntrica”, onde os gays machões necessariamente vão atrair mais gays, contudo essas pessoas não necessariamente terão uma performance sexual ativa, como é esperado por muitos gays que saem com esse tipo de gay machão. Acho que seria interessante você ler alguns textos, se já o faz, reflita melhor acerca deles para também não atrelar certos comportamentos a natureza, achando que a atração por certos tipos de homens é inata, assim como pedir um hamburguer do jeito que se quer, isso também não é inato, mas sim uma preferência construída através da prática de comprar hamburgueres! Um abraço!
“você encontra diferentes pessoas que sentem tesão por diferentes coisas, partes do corpo, tipos de pessoas e isso não está relacionado com o gênero de cada um necessariamente.”
Ora… quem disse? Quem disse que gostar de pelos no peito não está atrelado a gênero? Quem disse que gostar de postura masculina não está atrelada a gênero? A meu ver você parece estar tentando universalizar experiências pessoais. Para algumas pessoas a coisa deve ser dissociada, para outras não. Eu já penso que as pessoas são muito mais direcionadas sexualmente para o que seus instintos naturais apontam do que para as normas sociais. A própria insistência da permanência da homossexualidade refuta a sua hipótese de enquadramento nas normas sociais já que a sociedade é heteronormativa.
Fantástica resposta.
Veja uma dei apresentei a um site com a matéria “Muito esforço por nada: o problema dos gays machões”
Sou o rotulado gay machão, meus gostos fogem um pouco do que é comum na comunidade gay. Não me sinto atraído por gays mais afeminados, mas isso está relacionado apenas na atração sexual. Tenho amigos gays bem afeminados que gosto muito, são divertidos e levam seu astral lá pra cima! Isso não quer dizer que estou dentro de um armário ou que me sinto superior a eles. Ao contrário, quando você é um gay afeminado as pessoas já chegam para conversar com você sabendo o que falar e como falar e quem geralmente tem preconceito nem chega perto! Já eu passo por situações complicadas no dia a dia, onde tenho com todo cuidado e dizer que minha sexualidade não é bem o que ele ou ela está pensando. Situações constrangedoras, mas que não deixo de dizer porque não acredito que se passar por hétero seja o melhor caminho (já fui por esse caminho e não me encontrei), mesmo me parecendo com um. Sim, a maioria de meus amigos são héteros e todos sabem de mim. Não é porque não gosto de gay afeminado, mas é uma questão de gostar de coisas afins, exceto é claro no quesito sexual rsrsrs. O gay machão, acredito eu, vê o preconceito mais desnudo, pois as pessoas, mesmo homofóbicas, se policiam ao criticar a homosexualidade na frente de alguém tão explicito, no trabalho por exemplo. Então, meus caros, acredito que inverter valores não seja a atitude mais inteligente. Explicar um complexo de inferioridade dizendo que o outro se sente superior é fácil, ir numa boate e curtir Madona e dançar pra caralho onde todos ali gostam da mesma coisa que você é fácil. Agora quero ver se gostassem de futebol e fossem ao estádio onde presenciasse ataques a torcida adversária chamando os de algo que você é. Não adianta o oprimido virar opressor, porque ai pensarei que quem não se sente realizado são os senhores. Um grande abraço.
O tripé: Eu, o mundo e as relações entre esses.
Parabéns, Luiz Henrique !
Texto inteligente, fundamentado e claro na proposta. Alguns aspectos facilitam o entendimento de seu texto como por exemplo: uma boa formação acadêmica, convivência com pessoas de boa formação acadêmica, leituras de textos ricos e bem fundamentados, assistir programas de tv aberta ou não com conteúdos de igual riqueza, viagens etc.
Cada pessoa tem a opção de escolha e o seu tempo na vida para galgar algumas etapas de conhecimento tanto cultural, acadêmico quanto um conhecimento e amplitude da visão de si, do mundo e das relações de si com o mundo, do mundo consigo e do mundo com o mundo. Entender esse tripé na minha visão é fundamental para vivermos um pouco melhor conosco e com o mundo, aliviar nossas angústias e ansiedade.
Li todos os comentários e percebi que muitas pessoas conseguiram entender a proposta do seu texto e estão num estágio mais avançado do entendimento desse tripé, outras ainda não. Ser exposto às nossas fragilidades é algo de grande sofrimento e por isso algumas pessoas reagem de determinada maneira.
Uma boa alternativa para o entendimento dinâmico desse tripé é conhecer um bom psicólogo com quem possamos estabelecer uma boa aliança terapêutica.
Quanto ao texto e comentários….
Publicar um texto que convide a reflexão, ao diálogo e que aguçe o nosso seso crítico e perceptório é sempre bem vindo e não vejo isso como blá blá blá, mi mi mi ou procurar pelo em ovo.
Como as inúmeras invenções que foram criadas no mundo desde séculos atrás até os dias atuais, estas sempre foram criadas com o intuito de promover o bem estar e facilitar a vida da humanidade, mas o ser humano por sua variedade de visão de mundo acaba também usando essas invenções para o mal.
Existem APPs tanto para gays quanto para héteros e ambos foram criados para promover o encontro de pessoas. O que essas pessoas vão fazer com isso (se vão se encontrar fisicamente ou vão manter contato virtual, se vão ser amigos, namorados, amantes ou fastfuckers) é da escolha de cada uma delas. Curiosamente uma das regras desses aplicativos é que não é permitido fotos de nudez de capa de perfil, portanto a princípio parece-me que quem criou esses APPs não tinha a intenção de fast foda nem tão pouco servir de açougue ou locadora de corpos.
Meu trabalho de conclusão de curso questiona exatamente se smartphones estão conectando ou desconectando pessoas com enfoque nos serviços que estes oferecem (whats app e Scruff-Grindr).
Falar que “curte caras discretos” é diferente de falar que “odeia afeminados”.
Essas frases implicam em projeção, deflexão, negação, etc
Toda área que se tornou ciência precisou seguir um longo protocolo de estudos teóricos e testes para ser considerada uma ciência e a psicologia hoje é considerada uma ciência.
A psicologia tem explicações científicas para as mais diversas formas de expressão das pessoas sejam elas verbais (palavras) ou não verbais (expressões corporais e artísticas, estados fisiológicos, etc) inclusive a relação das pessoas com coisas-fatos-fenômenos tendo ou não a necessidade de afirmar, reafirmar, aceitar ou negá-los, de se encaixar ou encaixar os outros em formas ou conceitos, etc. Estudar “As representações sociais” ajudam muito a entender isso.
Somos seres relacionais, interacionais desde a nossa criação. Temos essa imensa necessidade de nos relacionar com os outros, com o meio, a necessidade de pertencimento e de exclusão.
Uma série de teorias já estudaram as relações grupais.
O mundo sempre foi concebido com polaridades: saúde x doença, amor x ódio, inclusão x exclusão, rapidez x lentidão, pessoas altas e baixas, brancas e negras e por aí vai. Na minha visão não um equilíbrio ou um ponto médio como o senso comum tenta buscar, mas ser equilibrado é talvez saber transitar pelo “ENTRE”, saber transitar por essas polaridades. Ora teremos que estar nervosos ora calmos, ora precisaremos de só sexo ora de algo a mais, ora seremos agressivos ora não. Buscamos a saúde, mas a saúde não vive sem a doença. A medicina precisa da doença para chegar a saúde.
Enfim espero ter contribuído um pouco para a discussão.
Um grande abraço a todos.
Texto muito bom que alcançou a difícil proeza de conseguir distinguir desejo de construção do desejo, desejo de expressão do desejo, e desejo de discurso sobre o desejo (bom, foi bem mais do que isso, mas optei por organizar do modo mais simples 🙂
Achei também compreensível esquivar-se de mergulhar na questão do desejo como instância cultural, social e política (os elementos, entre outros, que participam de sua construção), o que você pincelou fugazmente no comentário sobre a teoria queer em oposição aos primeiros trabalhos de Fry.
O único reparo que eu faria, sem receio de parecer preciosista, é que por mais atenta que tenha sido minha leitura, somente bem perto do final ficou claro que o foco da sua análise era não essa teia de vetores que fazem a libido de alguém soltar fogos, mas o fato de, ao fazê-lo, apontar o rojão na direção de alguém (não, não estou fazendo graça: violência é violência e deve ser chamada pelo nome). O que poderia ser uma celebração parceira do tesão se transforma numa arma contra quem pareça estar ‘além das fronteiras’ dos países baixos.
Entendo que o pequeno número de textos e a prática escassa da leitura e reflexão sobre esses temas quase que exija de quem escreve um extenso recrutamento dos pontos a serem levados em conta. Sim, claro, são inseparáveis. Mas penso que haveria mais clareza se o objetivo maior do texto fosse bem demarcado e reforçado ao longo da escrita.
Parabéns e obrigado pelo que me ensinou 😀
Oi, Flávio. Obrigado pelo seu comentário.
Então, de fato, eu não digo explicitamente que estou falando exclusivamente de discursos sobre desejo. Ao mesmo tempo em que isso seria desejável, porque é o mote do texto, também acho interessante cutucar um pouco a parte submersa do iceberg. Quer dizer, é possível discutir o desejo em si, e não apenas os discursos sobre ele? É. Entretanto, o tema é delicadíssimo, pois mexe tanto com subjetividades quanto com pulsões e as influências do meio.
Uma amiga contou-me, certa vez, um caso que ilustra um pouco a complexidade do tema. Ela, do interior do RS, criada num cultura gaúcha eminentemente branca e de colonização italiana, foi fazer mestrado em Salvador, na Bahia. Convivendo lá com muito mais negros do que no RS, ela reparou que dificilmente sentia atração por eles (ela é heterossexual). E então, quando estive lá e conversamos sobre isso, ela confessou que não saberia precisar o quanto disso era influência da cultura em que foi criada ou não.
Tratar sobre o assunto com este nível de sinceridade e clareza, como no exemplo da minha amiga, é bastante raro. E por isso é complicado abordar a questão dos gostos para além dos discursos sobre eles.
Abração e obrigado pela leitura. 🙂
Nossa, quanta bobagem…
Obrigado, Jo. Esclarecedora sua intervenção. 🙂
Olá,
Achei interessante a discussão sobre o assunto, mas no caso debater uma cartilha de bons comportamentos e costumes pode ser ineficiente quando falamos de um modelo de relacionamento que é tão recente e não praticado (ou bem menos praticado) por héteros.
Os apps de encontros podem ser comparados a locadora humana, onde a objetividade é largamente utilizada para ganhar tempo e não vejo tais comentários como agressão moral ou frases que incitem a violência.
Pense bem, caso o “ofensor” e o “ofendido” se encontrassem numa roda de amigos ou algo assim, esta frase “não curto afeminados” não seria dita nem repetida na cara de cada gay afeminado que não agradasse o autor.
Tratar como uma manobra socialista onde todos deveriam gostar de todos é utopia.
Acho que a questão é muito mais simples do que foi colocado, perfis físicos são adotados por cada um de nós como, cor da pede, peso e tipo físico, pq as tendencias gestuais deveria ficar de fora?
Um abraço
Oi, Igor. Agradeço seu comentário. Deixe-me comentar um pouco sobre ele:
Meu texto poderia ser entendido como uma defesa do politicamente correto. E eu concordaria com isso sem receio, porque o uso desta expressão (politicamente correto) vem de uma tradição da direita dos EUA, tentando minar as discussões da esquerda daquele país. Então, embora não seja uma cartilha sobre bons comportamentos e costumes, meu texto tenta dizer o seguinte: ei, estes discursos ferem as pessoas, afetam a autoestima e a dignidade delas, e não é nem preciso nem eticamente defensável proferi-los em redes sociais.
Estes aplicativos, afinal, não são como uma conversa privada entre duas pessoas, mesmo que num app (como no caso do Whatsapp, em que só as duas pessoas conversando vão ler aquilo). São discursos em perfis públicos.
Eu discordo de você de que se possa comparar tais aplicativos a locadoras. Não no sentido objetivo (acho que são locadoras mesmo), mas no que diz respeito ao meu texto: você pode fazer uso desta locadora sem disseminar discurso de ódio. Quando você diz “não vejo tais comentários como agressão moral ou frases que incitem a violência”, eu preciso discordar. E meu texto é sobre isso. Se você não considera todos aqueles exemplos que postei ao final do texto como discursos violentos e agressivos, então temos concepções muito diferentes do que seja ódio e agressão. Se você substituir afeminado por negro nos exemplos que estão lá, o discurso de ódio fica explícito. É porque é isso que são: discursos de ódio.
Eu não entendi o que você quer dizer com “manobra socialista”. De qualquer modo, eu fui bastante explícito quanto a esse espantalho que eu sabia que seria usado contra o texto. Olha o que eu disse nele: “ninguém precisa encontrar-se com absolutamente ninguém por quem não tenha desejo. Seja esta razão uma expressão de gênero muito afeminada, um pênis muito pequeno, um peito muito peludo, etc. É possível, entretanto, lidar com isso sem reiterar discursos que se somam a discursos de ódio muito conhecidos.”
Enfim, acho que a questão é bem mais complexa na verdade. Não é nada simples. Meu texto é justamente uma tentativa de dizer que todos estes discursos sobre corpo e expressão, quando colocamos desta forma, são discursos de ódio. E não é preciso expressar isso para encontrar pessoas que te deem tesão.
Abraço.
Quanto mimimi.
Não vejo onde haja discurso de ódio com “não curto afeminados, com td respeito” em um perfil privado de aplicativos cuja principal função seja exatamente a busca de encontros sexuais baseados em critérios físicos e sexuais seletivos! A pessoa que posta isso, o faz em seu próprio perfil, não nos dos outros, o que descaracteriza “discurso de ódio”: ela está apenas expondo com sinceridade e objetividade o seu critério para encontros sexuais. Ponto. Além disso, esta especificação evita constrangimentos bem piores aos afeminados que eventualmente se aventurem a se encontrar pessoalmente (ou até criar laços afetivos) com pessoas que não gostam ou até mesmo tenham aversão a afeminados.
Você está criando problema onde não tem, amigo.
Rodrigo, boa noite.
Vamos tratar do meu mimimi. 🙂
Com todo respeito, inserir “com todo respeito” numa expressão não ameniza o teor dela. Se eu disser, “com todo respeito, negros não deveriam estar aqui”, eu estou dizendo exatamente o que quero dizer, com ou sem expressão pretensamente respeitosa na frente. Sabe o que isso lembra? Algo como “não sou preconceituoso, até tenho amigos gays, mas…”.
Agora, vamos lá: embora eu ache que este seja um debate importante, eu não estou dizendo, no texto, que você não pode não sentir atração por homens gays afeminados [aliás, onde começa e onde termina a afeminação? rs]. Eu estou afirmando que você não precisa reiterar, num app gay que não tem perfis privados (lamento, não tem, você inventou isso), para homens gays afeminados que sofrem toda sorte de discriminação no dia a dia deles, dentro de casa, na escola, no trabalho, nas ruas, que ali também eles são indesejados. Seu discurso não está sozinho, ele vem acompanhado de diversos outros discursos similares. E isso é devastador, porque reproduz para mais um local a homofobia que está espalhada pela sociedade. É como se a única alternativa para homens gays afeminados fosse criar um app apenas para eles.
Você diz: “a pessoa que posta isso, o faz em seu próprio perfil, não nos dos outros, o que descaracteriza “discurso de ódio”: ela está apenas expondo com sinceridade e objetividade o seu critério para encontros sexuais. Ponto.”
Lamento, isso que você fez chama-se non sequitur. A caracterização de discurso de ódio não depende de ser no meu perfil ou no do outro. É um discurso que está público numa rede social pública, ainda que não seja massiva e tenha seu público-alvo específico. Ser sincero e objetivo não tem nada a ver, novamente, com não ser discurso de ódio. Eu posso ser falso e prolixo ou sincero e objetivo e disseminar discurso de ódio. Ou não disseminar. Faça sua escolha.
“Você está criando problema onde não tem, amigo.”
Sem dúvida, eu inventei esta realidade de inúmeros perfis com mensagens agressivas contra homens gays afeminados. E, também obviamente, isso não tem nada a ver com a cultura misógina em que vivemos. Todo modo, não é surpresa este tipo de reação. Todo debate sobre gosto desperta isso. A boa notícia é que ninguém precisa sequer refletir profundamente sobre as raízes de formação dos próprios gostos. Eu estou pedindo bem menos: pense na linguagem que você usa, e tente não ferir as outras pessoas.
Abraços.
Claro que os comentários feitos nas redes refletem uma imagem de pessoas que ainda não estão totalmente fora do armário, tem receio de sofrer preconceito. Já me relacionei com pessoas desse tipo e é frustante pois sempre estão com medo de descobrirem algo. Querem viver para sociedade com os brothers e na cama ser amantes, não raro pegam algumas menininhas para darem uma disfarçada. Eu já sou mais resolvido, não tenho neura em relação a nada. Na minha concepção em questão de atração, não minto, não curto os mais afetados, prefiro os ter como amigos, que aliás são os melhores. Pode parecer um pouco polêmico, pois conheço gente que não curte mais velhos, ou outros que não curtem os mais gordinhos, ou até mesmo negros. Isso não enxergo como preconceito ou algo do tipo, é simplesmente uma questão de atração ou quimica sexual. Se não curte, fazer o que?
Não aguento mais esse discurso essencialista de gay cúmplice do homem branco heterossexual cristão e viril, que ingressa no plano heterocapitalista normativo, que faz de tudo para ingressar numa alienação de”ser feliz” com seu discursinho ”fora recalque das mal amadas”, e que mendiga, implora por amor dos outros, pra ter sucesso na baladinha à custa de aceitação dos esquemas culturais projetados sobre o corpo e para achar outro alguém como solução mágica para sua vidinha enfadonha.
É necessário se amar e se conhecer profundamente, para o outro poder te amar, e é óbvio que nesses veículos de redes sociais que visam o sexo superficial de pegação, isso não está em jogo, que não há preocupação nenhuma com elevação moral ou sofisticação, o que mais poderia se esperar é um discurso chinfrim que está permeado do discurso mais-do-mesmo do ódio machista social.
E ao mesmo tempo percebe-se que o movimento LGBTT acaba também suprimido por esse discurso e acabe sendo hostil ao lado feminino e lésbico-feminista por exatamente endossar essa ”naturalização”, ”aceitação” para parecer certinho e discreto para o lado heteronormativo. Lembrem-se que a origem do termo ‘gay’ (alegre) veio da contenda entre gays e policiais em Stonewall. ENFRENTAMENTO e não essa aceitação/adequação ordinária que reina hoje (”vou fazer de tudo para você me aceitar, cumprir com todos os parâmetros culturais e arbitrários para isso).
Como se se adequar ao esquema reacionário burguês fosse menos sofrível do que questionar isso e aceitar a si mesmo fosse mais difícil que não aceitar essas disposições culturais medíocres.
Façam um favor a si mesmo: adotem um pensamento crítico. Sejam menos reacionários, menos aceitadores das posturas culturais tidas como dadas e prontas. Questionar o desejo é natural porque o desejo muda, seus idiotas!
O texto veio a calhar, incomodou e tirou muito gay da sua zoninha de conforto.
Achei genial. O que destroi a humanidade é naturalização da opressão.
Como diz André Malraux:
”A tentativa de forçar seres humanos ao desprezo próprio é o que chamo de inferno”
O ensaio claudica de uma falácia conceitual já no primeiro parágrafo. Vou a ela:
“aplicativos (como Grindr, Scruff e Hornet) e chats voltados para homens gays”
Falso!
Estes tipo de dispositivo se volta para homens que querem ter práticas sexuais com outros homens. Dentro deste vasto grupo podem estar a categoria homossexuais, da qual “gay” é apenas uma parte; e há outras categorias: bissexuais por exemplo; no limite, há sim rapazes que são heterossexuais sob todos os aspectos mas, às vezes, transam com homens, têm ganas disso – e nem isso os faz deixar de ser heterossexuais.
Porque (e aí a Teoria Queer vira uma grande imbecilidade) a fantasia sexual não modifica a identidade sexual (embora a identidade não seja de todo imune, ou descolada, da fantasia).
Vou além: estes dispositivos de pegação são mais usados, ou mais usáveis, por aqueles sujeitos que, justamente, não se colocam como gays ou homossexuais. Sujeitos para quem paquerar no dia a dia é impensável tanto quanto qualquer envolvimento afetivo ou desejante mais longo do que uma esporrada; alguns, com razão, outros por sintoma neurótico, outros ainda porque não desenvolveram um determinado léxico para nomear seus afetos (mas se tiverem a chance, mudarão mais rápido do que se supõe – embora não na direção do que vocês chamam, apressadamente ao meu ver, de “sair do armário”, mas numa direção de assumir sim, no sentido de assunção mas não no de publicização).
Eu ainda quero entender porque caralhos os GLBTTWZ-KY (queer inclusos!, essa rematada falta de erudição, essa gente que não sabe que Chordelos de Laclos existiu) têm tanto apresso a categorias mercadológicas (gay) ou nosográficas (homossexual), e ao verbo ser. Claro, o sujeito pode ser, e é, muitas coisas: bahiano, flamenguista, bailarino, leitor de Machado de Assis, chicleteiro, fã de Miró, negro, etc. – nessa série, ele pode ser também homossexual, heterossexual, ou qualquer coisa a partir do fato de que prefere o mesmo ou o outro sexo (mas eu reputo de uma pobreza muito grande definir suas identificações a partir do tipo de corpo a que se costuma amar e desejar).
No limite, coloco-vos uma aporia, quase um koan: o Imperador Adriano, que teve mais de uma noiva, mais de uma amante (do sexo feminino), casou-se (com Lucila), teve eromenos quando jovem (Lucio Vero) e quando velho se apaixonou perdidamente por um adolescente matuto dos cafundós do Império (Antinoo) – o Pai da Pátria era homossexual? Era bissexual, por que apesar de estar com Antinoo, e justamente por isso, faziam (juntos até) orgias báquicas e eleusiacas com sacerdotisas mulheres? Ou nada disso: era um Imperador, sofisticado e másculo, cuja preferência era, não exclusivamente, por rapazes? (rapazes cuja feminilidade podia amar – Antinoo – ou deplorar – Lucio Vero, quando adulto, vira praticamente uma drag-queen abominável! -, tudo de acordo como isso se articulava uma sintaxe daquele corpo com aquela alma)
Quando vejo escrito “não curto afeminados”, já vejo que o cara quer dar a bunda. Pulo fora. Todo cara machão que saí nunca se importou, os que tinham perfil em aplicativo ou em site nunca escrevem isso em perfil quando são ativos. Simples assim, curte macho pra dar a bunda.
Creio que sou uma exceção a “sua” regra. Eu não escrevo “não curto afeminados” no meu perfil, mas o meu desejo se volta especificamente para homens másculos que sejam exclusivamente passivos. Creio que sua teoria foi água baixo…
Achei muito bom! Infelizmente, não é a primeira e nem acho que vai ser a última vez que verei comentários em que parece que a pessoa não leu o texto inteiro… Antes fosse :/ Você diz explicitamente que não está discutindo a questão de gostar ou não gostar de algo, mas sim o ódio e o preconceito presentes na forma de falar. E o povo vai e fala que você está pregando que todo mundo deve gostar de tudo. É quase como se já soubessem o que você ia falar antes mesmo de ler o texto. Pra que ler, então, eu me pergunto?
Muito bom!
Confesso que os comentários sobre o texto me trouxe muitas outras reflexões sobre o modo de pensar e a maneira como encaram o tema.
De fato, aceitar dói muito mais!
Dizem as más (ou boas?) línguas: aceita que dói menos.
Acho que entendi. Uma coisa é o gosto e o tesão e os sujeitos que o despertam em nós. Outra coisa é a expressão de ódio que se coloca tendo premissa um suposto “gosto”, e que reproduz mais uma hierarquia perversa de valores justamente pela forma de sua expressão. Lembro do “racismo científico” do século de XIX que dizia ser “impossível” a um branco sentir-se atraído por alguém de “raças inferiores” enquanto que, paradoxalmente, as populações mestiças cresciam por toda parte.
Mas lembro também de um caso, contado por um amigo meu, um empresário hetero, que foi a uma reunião de negócios com empresários espanhóis em Madri. Em dado momento, entrou na sala um rapaz trazendo uma bandeja com café e biscoitos que por acaso era muito, mas muuuuito afeminado, mesmo com a boca fechada. Assim que o rapaz saiu, este meu amigo, ue sempre se achou não-homofóbico, já tinha uma piada pronta na ponta da língua, e buscou no olhar dos outros machos presentes uma cumplicidade para que isso fosse feito. Não encontrou, e teve que engolir a piada. Os outros homens se comportaram naturalmente e o (tre)jeito do rapaz passou totalmente desapercebido. Não era motivo para troça ou qualquer atenção especial. Aparentemente, não era razão de incômodo para ninguém ali.
Meu amigo diz que se sentiu bastante envergonhado, e até reviu a alegada tolerância que acreditava professar. Aprendi bastante com esta experiência dele também.
AQUI TEM MUITO MACHOES QUE DIZEM NADA DE AFEMINADOS TIPO TEM PAVOR MAS NA REAL OS MACHOES E QUE SAO OS AFEMINADOS NA CAMA ACHOP ISSO UMA PALHAÇADA POIS TODO GAY QUE EU SAIBA E E SEMPRE SERA AFEMINADO PRONTO FALEI E O PROPRIO GAY DESCRIMINANDO A SI E A TODOS OS OUTROS QUEM NAO E AFEMINADO NO DIA A DIA E AFEMINADO NA CAMA ENFIM OS GAYS ESTAO FICANDO HOMOFOBICOS CONSIGO MESMO
QUERO VER O MACHAO DANDO A BUNDA E DIZER QUE NAO E AFEMINADO
Muito bom! No geral, você fez o recorte perfeito do assunto. Os discursos são de ódio. Diga-se de passagem, ódio projetado, porque no fundo essas pessoas são problemáricas (afeminadas em potencial) Não se comportariam de maneira discriminatória se não fossem mal resolvidas sexualmente.
Claro que em sites de “pegação” os discursos tenderão a ser mais diretos e objetivos, nem sempre educados; as pessoas precisam externar seus interesses. Mas no caso do “não sou e nem curto afeminados” há sim discurso de repúdio e o que me deixa preocupado é sua banalização.
Beijos, beijos, beijos
Paulo
Um assunto com várias ramificações; nada é totalmente tão simples…
Vejo que o delinear dos argumentos, para focar nas agressões contra os efeminados é, sim, uma forma de PRECONCEITO! Não precisamos verbalizar e ESCREVER COM HOSTILIZAÇÃO que não gostamos de EFEMINADOS, DE BICHA… É algo indelicado, deselegante e demonstra ( não gosto) uma forma de atacar quem é efeminado! É a mesma coisa de um HÉTERO ver um gay andando na rua e ter o impulso de XINGAR, de humilhar… POR QUE MANIFESTAR ESSA REPULSA? O problema está no gay ou nesse “hétero”?
Creio que há formas e formas de expressar seus gostos sem descambar para a humilhação e o rechaço. É COMO SE FOSSE UM NEGRO TENDO PRECONCEITO COM SUA PRÓPRIA RAÇA…
No geral, todo gay tem, em maior ou menor grau, um lado EFEMINADO! É uma linha muito tênue quando se diz: NÃO CURTO EFEMINADOS… porque todos têm “algo” que denuncia! UM ANDAR, UM OLHAR, UM GESTO, UM FALAR, UMA POSIÇÃO SEXUAL MAIS ‘PASSIVA’ ( para quem ache que essa posição está mais para o lado feminino)… Há tipos e tipos de EFEMINIZAÇÃO…
Parabéns pelo texto. ELE ABRE UM LEQUE DE DISCUSSÕES de grande valor e esclarece a sua real preposição…
ABRAÇOS!
acredito que o autor do texto já ouviu muito a frase não curto afeminado,e é uma bicha ofendida….então se eu digo não curto mulheres é porque meu discurso é de ódio as feministas?eu mesmo não sinto atração por afeminados e isso não tem nada a ver com homofobia ( vc esta caçando chifres em cabeça de cavalo).e digo mais,,se eu sou gay e sinto atração por pessoa do mesmo sexo,logico que vou querer um homem sem trejeitos,,se fosse assim ficaria com mulher logo.
Ótimo texto! Na profundidade em que o tema exige.
Toda sociedade tem a sua disposição uma seara de elementos culturais para tomar como sagrado ou profano e atribuir-lhes superioridade ou inferioridade. Essa escolha está intimamente relacionada a seu contexto histórico, assim uma sociedade que tem por habito inferiorizar e fragilizar a figura da mulher está comumente autorizada a rechassar tudo aquilo que represente qualquer traço de feminilidade.
E é esse medo de ser visto como frágil e, consequemente, ser rechassado por essa sociedade que faz com que inclusive os gays, em constante busca de aceitação procure diferenciar-se e distanciar-se daqueles que apresentem qualquer expressão de gênero feminina.
O que não costumam levar em conta é que pra que muitos gays, mesmos os heteronormativos, pudessem ser respeitados hoje no trabalho, na rua, restaurantes, bares… muita pintosa precisou dar a cara a bater todos os dias e dão até hoje.
Nós, homens gays, não incluindo lésbicas e bissexuais porque, afinal, não faço parte desses grupos e portanto não posso julgá-los assim, MERECEMOS a discriminação que é direcionada a nós. Como, me diga como, um grupo pode vencer o preconceito externo se dentro da PRÓPRIA COMUNIDADE seus membros atacam uns aos outros? Homens maduros, a subcultura ursina, pessoas que não se encaixam no padrão caucasiano de beleza, indivíduos “pouco dotados”, e muitos outros, são ignorados ou até mesmo ATACADOS por seus iguais mais privilegiados. Tem alguma coisa errada aí. Parabéns pelo texto!
Bom texto, e realmente devo concordar com algo que você disse: Onde termina e começa a afeminação? Eu realmente não sei. Já vi muitos “machos” e “discretos” em fila do show da Madonna, alisando o cabelo, usando roupas “fashion” e etc! Sem falar daqueles que calculam cada um de seus movimentos pra não deixar escapar um traço de feminilidade hahahaah. Eu não tenho problemas com afeminados, já me envolvi com muitos, e também nem sei se sou afeminado, mesmo eu não fazendo essas coisas que listei.
E uma observação: já vi muitas lésbicas masculinas gostarem do jeito que são, que não mudariam por nada. Elas não colocam feminilidade num pedestal, como no caso dos gays com a masculinidade! Mais um sinal de como as pessoas vêem o feminino como algo degradante e fraco.
Boa noite, Luíz!
Venho pensando muito sobre o assunto, ultimamente.
Sou lésbica e tenho um irmão gay. Quando ele se assumiu, disse que “tudo bem, contanto que ele não se tornasse afeminado”. Disse a sapatão de cabelo curto, bermuda, que nunca usou maquiagem.
Me dei conta, eventualmente de que eu não pensava assim de verdade, e nem ele, que na época concordou comigo ( somos muito próximos, ele nunca teve necessidade nenhuma de mentir pra que eu não o oprimisse ).
O meu problema com o seu texto é que ele generaliza. Um padrão muito forte que senti nos perfis que você selecionou são pessoas que tem preconceito com elas mesmas e em sua maioria exigem sigilo. Não há lugar pior para se pesquisar homofobia que um app que oferece a total privacidade, ainda mais quando ele é baseado na fast-foda. Concordo com o Mário Lemes, neste ponto: ninguém quer perder tempo.
É notável que existem pessoas que adotam uma postura até agressiva sobre o assunto, e o fator histórico contribui pra que essas situações sejam mal-vistas, mas não acho justo crucificar a todos que expressam sua opinião e gosto ( dentro de um determinado grupo, app, ou não ).
Me agrada muito o debate sócio-linguístico para que possamos nos melhorar, ao mesmo tempo que essa história de politicamente correto também me sufoca.
Como você deve saber, no círculo das meninas jamais se admite ser “passiva”, bissexual… já me envolvi com um número razoável de “bis”, e falo sem medo que não gosto, prefiro ficar longe. Por experiência. Um comentário assim, numa rodinha, poderia resultar em horas de discussão, mas o fato é que todas essas meninas hoje tem relacionamentos sérios com homens. Não posso generalizar que todas serão assim de jeito nenhum, mas gosto de ter a opção de evitar e de esprimir minha opinião sem ser taxada de babaca antes das pessoas ao menos me deixarem falar do meu histórico.
Enfim, já escrevi demais e não consegui chegar ao meu ponto, que é: devemos sempre lutar pelos nossos direitos, mas as coisas estão ficando fora de controle. Nem toda pessoa que usa a palavra “judiação” está querendo ofender os judeus, “minha neguinha” não é uma ofensa nem aqui nem na china, as queridas das mães evangélicas dos meus amigos adoram a sapatão aqui e você se sentir atraído apenas por homens másculos e se expressar a respeito disso não deveria ser um tabu, não todas as vezes. Estamos tão na defensiva que o nosso discurso de ódio aos “antis” está à beira de ser tão irracional quanto o deles contra a gente. A gente junta os costumes, algumas atitudes, e reage da mesma forma a eles pra situações diferentes, com pessoas diferentes, sem levar em conta um monte de fatores.
Um grande abraço, Luíz =)
Ps: foi mal, mas não pude ler todos os comentários pra evitar argumentações já propostas ( muito sono ).
Gente, a discussão tá ótima! Minha contribuição:
É muito curiosa essa distinção entre discurso do desejo e o que é o desejo em si. O autor prontifica-se a esclarecer que está tratando dos discursos em prática, e não do desejo em si, e ainda que não esteja patrulhando o gosto de ninguém, sobre os discursos acaba impondo um certo policiamento: o do pense antes de dizer, pois seu discurso pode ressoar uma cadeia de opressão histórica. Difícil que essa lição chegue até os usuários que mais deveriam rever isso.. tanto mais, o debate sobre “discursos” é “mimimi” pra quase todo mundo.
O problema, ao meu ver, é dizer que você pode gostar do que quiser, mas ó, cuidado com o que você fala. Discutir discurso é realmente importante? E discutir o desejo?
Aliás, vamos colocar tudo isso em perspectiva: tudo isso é sobre comportamento em um aplicativo de “fast-foda”, onde usuários que (de acordo com um comentário) nem se consideram gays (ou homo, faz diferença?) explicitam seus gostos para sexo rápido? A sério?
E pra concluir: ninguém fala dos caras que só curtem efeminados. Eu dificilmente concordaria que isso tem menos peso simbólico do que os que só gostam dos masculinões. Mas isso é papo pra outra hora.
Parabéns Luiz! Texto excelente ! Revi muitos conceitos após lê-lo. Obrigado!
Gostei bastante do texto, Henrique. Sempre debato isso com amigxs e no movimento LGBT. E em ambos, é muito difícil as pessoas compreenderem que esse “gosto” por não afeminados é construído socialmente em valores opressivos. E atentava mais para a heteronormatividade e a heterossexualidade compulsória, não tanto para a misoginia, tema que você desenvolve muito bem no texto.
E como algumas pessoas já citaram, o texto não trata da questão lésbica, e nem era sua intenção tratar. Porém, considero que as relações lésbicas viria a contribuir muito a suas hipóteses e talvez questionar algumas delas.
Reconheço estar na situação de um homem cis. Mas, observo que entre as lésbicas é comum o discurso “não curto masculinizadas”, “caminhoneiras, tô fora”, “gosto de mulheres femininas”. Nesses exemplos fica muito claro a homofobia internalizada e a heteronormatividade, mas a misoginia não.
Considero que no se texto para explicar o fenômeno anti-afeminados, você desenvolveu muito a questão da misoginia. Acho que faltou desenvolver bastante a homofobia internalizada e a heteronormatividade. Pois acho que isso englobaria tanto os discursos masculinos e femininos.
Uma hipótese que sempre tive, é que um casal homossexual onde existe dois homens “masculinios” ou duas mulheres “femininas” é mais passável na sociedade. Tanto que as pessoas não percebem que elxs são um casal, como é mais aceitável. Acho que essa seria uma questão boa a ser desenvolvida.
No mais parabéns pelo texto.
Necessário para o debate, bem argumentado e um tapa na cara dos gays rs
Primeiramente, queria dizer que você escreve muito bem!
Entendi o que você quis dizer, realmente as pessoas acabam incitando ao ódio com “não gosto de afeminados, e blábláblá”, mas acho que o seu texto acabou sendo baseado em pesquisas bastante limitadas e generalista.
Com as informações que você nos apresentou, não há como generalizar que todo mundo que escreve “não gosto de afeminados”, estejam incitando ao ódio, a homofobia. Por mais que a escrevam em um App sua preferência a não afeminados, e que isso transpareça como uma ofensa, não há como julgar essas pessoas em suas vidas “reais”.
É necessário também estudar os ambientes na qual seu discurso é envolvido. Em um App, onde seu objetivo é a procura sexual, não é nada mais justo de você poder especificar seus gostos (não estou dizendo que é justo incitar ao ódio, mas sim o seu gosto pessoal).
Uma pessoa que acessa esse ambiente, está assumindo seus riscos de se deparar com um “odeio bichinha”. Se caso esse indivíduo sinta incômodo com tais afirmações, ele tem o livre árbitro de escolher não frequentar mais esses ambientes.
Ex: Se você não acredita em Deus, óbviamente você não irá a uma igreja e dizer que se sente ofendido, porque eles acreditam que você seja um pecador.
Você tem duas escolhas: Ir e assumir esses riscos, ou não ir e não sofrer o tal preconceito.
Mas se o título do seu artigo e o objeto de estudo fosse os Apps do público GLS da procura sexual, e a problematização fosse o preconceito a feminilidade do homem homossexual, sim concordaria com você!
Até mesmo porque, sua pesquisa não comprova que tais pessoas desses perfis, são realmente proliferadoras dos discurso ao ódio em suas vidas “não virtuais”. Uma pessoa pode muito bem, não gostar de afeminados em suas práticas sexuais, mas ter sim amigos afeminados.
Abraços.
Alguns militantes do movimento GLBT, tentam associar ou quase que numa manobra, dizem que esse tipo de comportamento é incentivado pelo movimento g0y internacional. PURA MENTIRA!, é bom que fique bem claro que esse discurso homofóbico é de gays para gays. E não de hetero g0ys na tentativa de ofender homossexuais.
Para nós homens g0ys, um gay que não gosta de afeminados, continua sendo gay, isso por si só não o torna menos gay. Agora temos que aprofundar é o que realmente é homofobia, é muito fácil atacar um hetero e chamá-lo de homofóbico…
Mas um negro pode ser preso por racismo?? mesmo que a homofobia seja um dia criminalizada, será que colará um gay acusar um outro gay de homofóbico? Perante qualquer côrte ou juiz acho que não cola, não…
Enfim, não sou gay, sou hetero e g0y convicto disso! É um direito que me assiste me identificar ou não com valores e grupos, não me atrai muito a ideia de sair com gays seja eles afeminados ou másculos. Álias apesar de nunca ter experimentado, “teoricamente” acho que toparia ficar com um gouine ou até mesmo com um g-zero mais fresco do que com um gay “machão”,.. sei lá…
Só para terminar, nos EUA essa suposta neura coletiva contra os afeminados, chamam isso de STR8 acting, ou seja gays em atuação tentando fingir ser heteros que curtem outros semelhantes, para não enfrentar frente a frente a discriminação, que pode até ter diminuído, mas ainda é forte.
Fiz a leitura do texto, ele trata de várias questões que estariam vinculadas a expressão “não curto afeminados” e definições ocultamente vinculadas a esta expressão, porém tive a sensação que o texto tenta trazer em seu conteúdo diversas definições e com isto se perde em alguns pontos do texto, talvez pelo excesso de tantas “certezas”.
Embora os aplicativos se apresentem como uma rede social, por experiência e vendo a forma como os usuários dos app’s se comportam/comunicam, talvez você tenha a mesma impressão, muitos dos usuários apenas estão atrás de sexo, da pegação e consequentemente o que é incluso nos perfis seria algo relacionado ao tipo de homem que lhe daria mais prazer na hora do sexo.
No segundo parágrafo do texto ele correlaciona a expressão “não curto afeminados” com homofobia, neste ponto eu acho o texto contraditório, e acaba sendo inevitável me questionar o que é homofobia? O que é homossexual? O que é homossexualismo?
homofobia
ho.mo.fo.bi.a
sf (der do voc comp do trunc de homossexual+gr phobós+ia1, como fr homophobie) Aversão ou rejeição a homossexual e a homossexualismo.
homossexual
ho.mos.se.xu.al
(cs) adj m+f (der do voc comp de gr homós+sexo+al1, como fr homosexuel) 1 Referente à homossexualidade. 2 Diz-se de relacionamento sexual entre indivíduos do mesmo sexo. adj m+f s m+f Que ou aquele que tem afinidade e atração sexual somente com indivíduos do mesmo sexo; gay, guei. Sin: uranista. Antôn: heterossexual.
homossexualismo
ho.mos.se.xu.a.lis.mo
(cs) sm (der de homossexual+ismo, como ingl homosexualism) 1 Prática de atos homossexuais. 2 V homossexualidade. Antôn: heterossexualismo.
Veja que em nenhum momento ele conceitua com a feminilidade do indivíduo, ele associa ao relacionamento de pessoas do mesmo sexo e à aversão a esta prática.
Entendo que o texto torna-se contraditório neste ponto, pois ele tenta relacionar duas coisas distintas dentro de um mesmo conceito, entendo que o homossexualismo está ligado ao relacionamento sexual entre pessoas do mesmo sexo e não em rejeitar um homem afeminado, ou seja, o homofóbico despreza as pessoas que se relacionam com pessoas do mesmo sexo independente se elas são afeminadas ou não, desta forma dizer que você curte alguém que não seja afeminado não pode estar ligado ao conceito de homofobia, são duas coisas diferentes. Você não é homossexual porque é afeminado! Você é homossexual porque se relaciona com pessoas do mesmo sexo, desta forma você pode ser gay sendo afeminado ou não, mas não pode ser gay se você é afeminado e não se relaciona com uma pessoa do mesmo sexo, entende? Sem contar que a interpretação de homofobia empregada no texto fica totalmente sem nexo quando a colocamos no relacionamento homossexual entre mulheres, pois o preconceito maior são com mulheres que deixam de ter comportamentos femininos e passam a compor dentro de um conjunto de ações que pertencem originalmente ao mundo dos homens.
Em relação a misoginia eu não concordo com o contexto em que foi inserida esta terminologia, a misoginia está relacionada ao ódio do homem à mulher, ele a coloca em um plano inferior ao homem, se relaciona a uma mulher submissa ao homem, a mulher escrava do homem e não ao homem que possui trejeitos femininos, talvez a misoginia quando inserida aos transexuais faça mais sentido, pois o transexual sim se opõe ao sexo designado, este quer fazer uma transição do masculino para o feminino tornando-se o mais próximo da mulher, por exemplo. Entendo que o homossexual não quer se colocar no papel de mulher, muito menos se coloca conscientemente em uma situação inferior ao seu parceiro. Acho que caberia melhor se dissesse quanto ao sexismo e a obrigação de se enquadrar na atual cultura. É inevitável reconhecer que o homossexual sofre preconceitos diariamente, mas ele o sofre por ser homossexual, ser afeminado seria uma extensão deste preconceito, a discriminação sofrida pelo gay afeminado está em um segundo plano.
Em relação ao homem que possui trejeitos femininos, acredito que os gays, em sua maioria, possui algum traço de feminilidade, o que eu não vejo nenhum problema, há um nível socialmente aceitável nesta feminilidade, não por mim ou por você mas por toda sociedade, e tendo por base este entendimento eu creio que quando se diz “não curto afeminado” a pessoa quer dizer que não busca alguém que ultrapasse este nível de feminismo que é aceito dentro da sociedade que vivemos, me refiro a alguns tipos de comportamentos, por exemplo, situações de gays que popularmente seriam chamados de pintosas, pão-com-ovo e etc rsr.. em situações de sair por ai gritando no metrô/ruas suas gírias gays e verdadeiramente conteúdos ofensivos, como se todos tivessem a obrigação de “engoli-los goela a baixo” e qualquer opinião contrária se classificaria como homofobia, reitero que ser afeminado não significa ser homossexual.
Concordo com o texto quando ele diz que isto se ligaria a uma questão internalizada, sim! acredito que isto seja verdade, porém não a homofobia em si (pois como já explicado eu entendo que o homossexualismo não está ligado a feminilidade do indivíduo), mas algo relacionado a um preconceito de si mesmo, a não aceitação de afetações (que o próprio indivíduo pode vir a possuir), concordo também que o questionamento do homem afeminado se perfaz dentro da heteronormatividade que vivemos.
Ainda em relação a esta feminilidade excessiva, creio que esteja inserida dentro de um contexto cultural, como exemplo alguns anos atrás questionava-se veementemente de uma forma generalizada o casamente entre homossexuais, atualmente este questionamento faz parte de um período anterior, atualmente o casamento é mais aceitável e legalmente normatizado em vários países. O que questiona-se neste texto é o preconceito sofrido por homens afeminados, acredito que este questionamento tende a se exaurir da mesma forma como ocorreu com o exemplo citado, simplesmente porque isto tornar-se-á algo socialmente aceitável. A humanidade é preconceituosa em si, seja com relação aos homossexuais afeminados ou não, aos gordos ou magros, altos ou baixos, suas raças e suas crenças e diversas outras formas de preconceitos que atualmente existe, no meu entendimento isto é derivado da cultura social que vivemos e tende a mudar conforme o passar do tempo, e ainda assim, quando estes preconceitos deixar de sê-los outros existirão, outras minorias passaram a ser perseguidas.
Em determinado ponto do texto ele faz o questionamento sobre o por que a afetação excessiva é passível de discriminação e tenta definir o motivo pelo qual o oposto, virilidade exacerbada, não é. Entendo que qualquer comportamento que exceda a normalidade é passível de questionamento, tanto “a gay que sai saltando e gritando na rua” quanto ao “homem que coça o saco e cospe no chão para mostrar sua virilidade”, com isto eu questiono se há necessidade para os dois comportamentos? Creio que não, pois entendo que ser homem não está ligado a comportamentos masculinos e ser gay não está relacionado a comportamentos femininos.
O texto menciona, “Por outro lado, ainda que seja exotificador, tal gosto não se equipara com sua negação (“só curto caras brancos”, por exemplo) em termos de linguagem e história. Então este segundo, sem dúvida, é bem racista se comparado com o primeiro, que é potencialmente exotificador.”. De fato a expressão pode conter um teor preconceituoso, porém isto depende da forma como é inserida e/ou interpretada, pois como mencionei no início deste texto, eu entendo que a grande maioria dos usuários desses aplicativos buscam a prática sexual, e a expressão utilizada refere-se ao perfil de homem com o qual sente-se mais ou menos prazer, mas não significa dizer que esta mesma pessoa não se relacione (socialmente) com pessoas de outras raças. Como exemplo, há outras expressões como “não curto gordos”, “não curto magros”, “não curto malhados”, “não curto caras baixos”, no meu entendimento todas estas expressões utilizadas nos perfis se relacionam a uma conotação sexual e não a um incentivo a segregação racial, porém quando utilizada a expressão de alguma forma a minimizar outra raça na vida em sociedade, esta sim será uma prática de racismo.
Quanto a outras expressões trazidas no texto, como o tamanho do membro, acredito que no “mundo gay” não exista tantos puderes como no “mundo hétero”, desta forma a inclusão dessas expressões embora vulgares é considerado normal. Quanto a opinião do próprio autor sobre a expressão “mas nem parece”? “Eu costumo responder a isso ironicamente ofendido, que nunca quis parecer hetero, afinal ser gay é ótimo.”. Fica evidenciado neste ponto a relação que o autor faz do homossexual à afetação o que para mim não faz qualquer tipo de relação, pois nem todo homossexual é afeminado, caso o fosse todo gay seria afetado e esta discussão simplesmente não existiria.
Desta forma, discordo do texto em sua grande parte e concordo em alguns pontos, discordo por acreditar que houve uma classificação generalizada a beira de um sofismo e concordo por entender que o homossexual é pertencente a uma minoria e sofre discriminação, sendo passível de sofrer várias formas de violência sendo ela física, verbal e/ou moral e é julgado por toda sociedade.
LA pura!
Sinceramente, não curto afeminados. E daí??? Primeiro lugar homofobia NÃO É CRIME, alguns militantes GLBT acham que nós gays somos idiotas, pois eles jogam essa palavra, quase que comparando ao racismo, esse sim é crime.
Sou gay, obviamente se a homofobia chegar um dia a ser criminalizado, concordo com alguns que falaram aí em cima; nenhum juiz do mundo supostamente “racional”, prenderia um gay por homofobia, seria rídiculo issso, então vamos parar de discurso padronizado e de vítima e passar a manter a sua condição de HOMEM, independente da sua opção/orientação sexual, que a partir da daí, passaremos a ser mais aceitos na sociedade. E não querer obrigar que a sociedade nos engula garganta abaixo.
Ora essa, cada um escolhe os amigos que quer ter e com os quais tem mais afinidade, eu não sou obrigado a ser amigo de uma bicha pintosa, só pq sou gay, que história mais anos 80, totalmente “corporativista” e pra mim sem nexo algum nos dias de hoje.
Gostei de ti Roberto,
Que discurso mais babaca esse de gay proteger gay. Sou gay ATIVO graças, e nunca me senti discriminado pela minha condição bissexual.
E nem por isso, nenhum hétero fica amigo de outro pelo simples fato de ser hétero, fica amigo por há algum tipo de afinidade, seja filosófico, moral, e até mesmo de opiniões sobre a sexualidade.
Agora, os militantes GLBT continuam nesse discurso ANTIQUADO de vitimização dos gays, para com isso e vão pra luta. Liguem o botão FODA-SE e vítima é caralho. Quando fizerem isso aí sim vão começar a ser valorizados. Em vez de gastar energia querendo que os outros lhe aceitem muitas vezes venenosos e afeminados, por que não gastam energia para parar de serem afeminados?? ou se realmente é a praia, gastem dinheiro de uma vez e virem fêmeas… também penso assim, macho é macho, fêmea é fêmea e gays que prezam pelo seu pinto que carregam no meio das pernas, devem agir como machos.
Hahahahaha… Certo. Nada pior que uma bichinha ofendida kkkk
Belo comentário. Tem muita coisa por trás dos movimentos LGBT… Muita politica neo comunista. Simplesmente perfeito!
Quer dizer que só “pq sou gay, não posso chamar os viadinhos de viadinhos. Só os bofes que pode chamar vocês assim e ainda dá tapas na sua cara ou na sua bunda. Tá boa queridas, eu lá tenho homofobia eu tenho é viadoalergia, e quero todas as mulheres, que não tenham e as que tenham pinto, é bem longe de mim, eu tenho urticária, e fofas vocês não são minhas amigas, não sei se não entederam, não gosto de minhas concorrentes, quer dizer que não são viadinhos? são o quê? são todas umas BICHONAS! se continuarem assim me discriminando, vou deletar a minha page do facebook e pronto, ninguém sabe onde moro, ninguém sabe meu endereço, então vão todas tomar no,” fecha aspas.
Afirmar a sua preferência não é o mesmo que ser preconceituoso. Ninguém reclama pelo fato de as pessoas sentirem atração por um sexo e não pelo outro, mas aparentemente não entendem que ser gay/hétero vai além de simplesmente gostar de pênis ou vagina. Preferência sexual depende de uma grande série de fatores. Não faz sentido agir como se, pelo fato de alguém ser gay, então deve ser obrigado a se sentir atraído por TODOS os homens. É tão difícil entender isso?
Eu gosto de homens especificamente porque sinto atração por características tipicamente masculinas. Isso não é preconceito e não é “misoginia”. Se for assim, o mero fato de um homem ser gay já faz dele misógino, o que é ridículo.
Tem um dos claúdios, que falou algo em principio INCOMPREENSÍVEL, não tinha entendido nada, mas agora g0y está em tudo quanto é jornal, e entendi. A prova cabal que isso não é promovido pelos G0ys como a imprensa e o movimento GLBT tentam colocar, este justamente aqui nesse posts e nos diversos comentários – são gays que não gostam de gays.
E NÃO G0YS QUE NÃO GOSTAM DE GAYS!!! Gostei de ver, a verdade sempre aparece no final!!
Vocês sabem que o discurso cria coisas? Que ele está permeado por relações de poder? Que quando o emissor do enunciado não está presente o sujeito apenas repete o discurso? Que ele tem efeitos de verdade? No texto ele não está afirmando que todos que colocam “não curto afeminados” é preconceituoso…Ele está mostrando que as “criaturas” que escrevem isso carregam o machismo dentro de si e reproduzem o discurso machista da sociedade. Não, quando você escreve que não gosta de afeminados, você não está apenas dizendo que não gosta, você está dizendo muito mais que isso, não está apenas dizendo que tipo de homens o agradam na cama. Quem afirma: ” é apenas questão de gosto”, está lindamente alienado e não consegue enxergar um palmo à frente do nariz. Acho tão clichê essa história de “discreto”, “macho”, “não curto afeminados”. Gostaria de proporcionar uma informação a quem usa estes termos: meu amor, você gosta de homens, você fica com homens. Eu lhe lanço, pois, a pergunta que nunca quer se calar dentro de mim: O que é ser “macho”? Não interessa se é ativo, passivo, versátil, gouine ou sei lá mais o quê…”Sou discreto” é uma maneira eufêmica (se o for, será?) de dizer: eu tenho vergonha de demonstrar afeto por outros homens, não quero que saibam que sou gay, na intimidade somos amantes/namorados, mas na rua as pessoas têm que pensar que somos bons amigos, primos, irmãos, etc; ou seja, no seu modo de ver o mundo, “discreto” define-se como “aparentar ser heterossexual”. Quando você diz “não curto afeminados”, “curto machos viris” não está apenas afirmando seus gostos pessoais, você carrega dentro de si o machismo, o discurso machista da sociedade contemporânea e o reproduz por onde passa. Sim! Sou afeminado, não aparento ser hétero, não tenho vergonha de demonstrar afeto por outros homens, não tenho vergonha de dizer às pessoas que sou gay quando vem ao caso…Pense bem: “ser discreto”, “não gostar de afeminados”, “gostar de macho” não lhe saca o gay que há dentro de você.
O mais engraçado, é que ignorantes querem discutir o assunto sem saber sequer do que se trata. O autor não está escrevendo coisas que ele “acha” que acontecem. Ele deve ter pesquisado sobre o assunto. Analisar o discurso não é uma “invenção” do Luiz Henrique Coletto. Não sei se leram ao final, mas ele é mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ, ativista pelos direitos humanos e vice-presidente da Liga Humanista Secular do Brasil (LiHS).Leigos discutindo com um mestre não podem realmente fazer comentários muito relevantes.
há gosto e há preconceito, basta saber diferenciar. Eu nao curto realmente afeminados, mas sao os mais divertidos e gente boa. Mas não me atrai, só isso. Não é ser preconceituoso, afinal, chamamos de afeminado pq remete ao jeito feminino tradicionalmente, e até que surja outra palavra pra definir, é como podemos esclarecer nossa preferência.