Walter Benjamin, filósofo e sociólogo alemão, dizia, ainda na década de trinta do século passado, que a obra de arte, numa era em que a reprodução seriada é simples de ser realizada, perde sua aura, sua autenticidade como elemento único e incomparável. Mas, para o autor, havia uma alternativa clara: a compreensão da reprodução como parte da obra de arte e sua utilização como meio político de atuação. Em poucos palavras: a politização da arte.
É assim que, na Santa Maria dos anos dez do século XXI, a arte politizada em suas múltiplas facetas se mostra pelas ruas em pixos, grafites, tags e estênceis, e também pelas obras de artistas engajados pelo rap, pela dança ou pelas artes visuais. É nessa Santa Maria que Alexon Messias da Rocha, artista e militante negro, expõe seu trabalho em espaços como do FESMAN, o Festival Municipal de Artes Negras que, por sua própria existência, já valoriza a arte – e o ser – afrobrasileiro.
A arte de Alexon é feita de retalhos estéticos de uma série de etnias oprimidas até hoje por sua cor de pele, etnias que veem castradas suas matrizes religiosas, sua juventude assassinada e encarcerada, suas belezas mal representadas e suas vozes ignoradas. Não por acaso vários dos trabalhos retratam punhos fechados e braços em riste, é das vozes fortes, dos traços marcantes e da beleza simples que trata Alexon, em gravuras baseadas em fotos e tratadas no computador – um item que, por si, refaz a facilidade da reprodução técnica da arte de que Benjamin falava.
Politizar a arte não é questão só para os ultra-revolucionários, politizar é sentir – e produzir – uma arte engajada nos mais diversos âmbitos. A valorização das identidades oprimidas está, ao que nos parece, nesse imenso bojo.
“No momento em que o critério da autenticidade deixa de aplicar-se à produção artística, toda a função social da arte se transforma. Em vez de fundar-se no ritual, ela passa a fundar-se em outra práxis: a política”. Walter Benjamin, A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Magia e Técnica, Arte e Política, 1994, p. 171.
A ARTE NEGRA DE ALEXON MESSIAS DA ROCHA, pelo viés de João Victor Moura
joaovictormoura@revistaovies.com
Eis mais um motivo de minha ALTA AUTO-ESTIMA, este PRETHO JÓIA,PRETHO ARTISTA,PRETHO BLACK POWER,PRETHO PRETHO,Alexon Messias da Rocha,