Ontem, dia 20 de junho, muitas pessoas optaram por deixar um ambiente agradável para sair às ruas e enfrentar a temperatura baixa que anuncia o inverno. Os protestos contra o aumento da passagem acontecem em Santa Maria há anos, e agora encontram impulso nas manifestações pelo país. Essas manifestações iniciaram com a tomada da Avenida Paulista, e assim as marchas tiveram um crescimento pelo Brasil. A redução da tarifa acabou sendo apenas a primeira de muitas reclamações, que incluem o descontentamento com as representações, como é o caso do deputado Marco Feliciano.
Não ao aumento das tarifas, não ao lucro que vai para o empresário de transporte, não ao absurdo da cura gay, e sim ao direito à cidade, à moradia, à saúde e à educação, isso que diziam os gritos e os cartazes. O Movimento do Luto à Luta, formado por familiares de vítimas da Boate Kiss, esteve presente pedindo por justiça. Acompanhando o movimento nacional, Santa Maria preencheu o chão da Praça Saldanha Marinho com pessoas prontas para marchar por um país mais igualitário e livre, sem discriminação por causas como a orientação sexual, que infelizmente ainda assombra os lares de famílias com um pensamento conservador e retrógrado. Tomar as ruas se tornou necessário, e a quantidade de pessoas tornou o que antes era “baderna” em um ato legítimo e possível.
“Da copa eu abro mão, eu quero moradia, saúde e educação”, “Quem não pula quer aumento” e muitos outros gritos aqueceram os manifestantes para a marcha que partiu da Praça, desceu a Avenida Rio Branco até a Rua Vale Machado, passou sob o viaduto do Behr, seguiu na Rua do Acampamento, dobrou na Rua Pinheiro Machado, passou pela Rua Professor Braga, dobrou na Astrogildo de Azevedo, seguiu na Floriano Peixoto, entrou no calçadão e na Praça novamente encerrou a caminhada de 15 mil pessoas com um “Sábado vai ser maior”.
O lado bonito e esperançoso dessa manifestação é ver que finalmente a cidade foi tomada por um movimento positivo contra os ataques que recebe de maneira travestida de necessidade – como é o caso do aumento das passagens. Uma faixa “Licitações Já!” reivindicava o que era devido. O povo da cidade tomou uma posição contra os abusos que sofre, deixou de ser calado, como no cartaz que falava: “afasta de mim esse cale-se”. A inconformidade discutida entre pessoas íntimas, nas esquinas, nos bares, no trabalho, tomou as ruas.
AFASTA DE MIM ESSE CALE-SE, texto pelo viés de Caren Rhoden. Fotografias de Bibiano Girard, Caren Rhoden, Carolina Gasparetto Barin, Marcelo de Franceschi e Nathália Schneider, especial para o TrançaRua.