LUTA DE CLASSES
Vasculharemos tuas próprias histórias /porões, sótãos, à procura de nossas rochas impróprias.Levantaremos tapetes e portas, sim, seremos inconvenientes…
seremos o pó na sola de suas botas.
Senhores distintos e bárbaros não andarão conosco, pouco importa…
seremos muitos, afoitos, loucos /varridos deixados ao léu, nos escombros da memória
seremos tudo aquilo que não suportas.
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O HOMEM DESCARTÁVEL
no amor no trabalho
o sujo o rasgado
um homem descartável
o útil não pensado o tempo esgotado
Repressão odiosa
essa que não se sente
***
BALADA DO SER ABALADO
Puxei o gatilho em disparada contra a bala perdida
bala alojada
e em disparada corri
nem louco me alcançava
atirei-me ao encontro da bala ofendida
bala autoritária
e em uma só rajada senti que a goela me atravessava.
II
Sentei-me nem sei se caído
mais morto que ofendido
não via mais a bala não via mais nada
só via meu corpo estático
meu corpo oprimido
um ser abalado.
III
Furado à bala Senti-me dissipado em várias vestes armadas e vi os homens que lá dentro habitavam
homens amordaçados desumanizados
como eu também que nem mais homem era.
***
NÓS, OS MALDITOS
Eles parecem desinteressados
Nós temos o nada
Eles oferecem liberdade
Nós somos a barbárie
Eles cidadãos civilizados
Nós temos a crueldade
Eles a cura dos males
Nós somos cães sem dono
Eles instrumentos da divindade
Nós os orientais os subtropicais os tribais
Nós, os malditos.
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ESPECTROS
Viestes decrépita e surrada
Ó velha ideologia em vestes insolentes
viestes rápida e lenta /mente
Ó tempo, que nada arrasta…
Somos a graça de tua aparição!
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ODE AO QUE NÃO PODE
Ao que não pode romper o silêncio, vencer o seu medo, nem aos menos roubar um beijo.
Ao que não pode maltratar o trapo, virar o sapo, tampouco dar o pulo do gato.
Ao que não pode dobrar a esquina, negar a propina, nem ao menos ingerir aspirina.
Ao que não pode matar a fome, trocar de nome, tampouco ser um simples homem.
Ao que não pode ser tudo que pode.
Ao que não pode ser essa ode.
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SINCRONIA DO VERSO SEM PÃO
Nas padarias do bairro quem amassa proletários.
E nas fábricas os empresários preocupados
com o mundo.
o verso segue sem pão.
LUTA DE CLASSES E OUTROS POEMAS DE MATHEUS VAZ, pelo viés do colaborador Matheus Paz
Matheus Paz é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Maria.