UMA AULA SOBRE AS COTAS

Foi no dia 05 de setembro. Algumas semanas depois da aprovação – e subsequente sanção presidencial – da lei que reserva 50% de vagas para açõesa afirmativas em Universidades Federais, foi realizado, na Praça Saldanha Marinho, Centro de Santa Maria, a Aula Pública sobre as ações afirmativas. O evento, realizado por diversas entidades e coletivos da cidade, foi concebido após uma polêmica manifestação do autointitulado “Exército anti-cotas” (leia mais aqui).
Marcado para as 17 horas, mas iniciado algum tempo depois, a aula reuniu talvez mais de uma centena de pessoas que buscavam mais informações sobre o assunto.
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Mais questões que soluções. Maria Rita Py Dutra, professora e militante do movimento negro não trouxe explicações, mas mais questionamentos. Questionava as pessoas presentes na Praça: “quem aí tem um médico negro?”, “Quantos colegas negros vocês tiveram na escola?”. O público permanecia quieto, talvez buscando pela memória para responder as respostas que Maria Rita fazia. Mas ela não se calava, e as questões para pensar se acumulavam. “E quem aí é atendido por um dentista negro?”, uma mão se agitou no fundo da praça. “Você”, disse Maria Rita, “me passa o número dele depois”, ao que aqueles que estavam ali reunidos não seguravam a risada com a situação. “Ah, ele não é de Santa Maria, ah bom”.
Maria Rita não buscava um novo dentista para família, é claro, mas demonstrar a invisibilidade negra ainda existente na sociedade.
Maria Rita foi a segunda a falar no evento, que também contou com a presença de Ney D’Ogum, reconhecido militante da causa negra de Santa Maria, Suelen Aires Gonçalves, também militante da causa negra e cotista na UFSM, Augusto Opã da Silva e Natanael Claudino, representantes indígenas.
Ney, o primeiro a falar, construiu um histórico da luta negra e dos séculos de desigualdade entre negros e brancos no Brasil. Maria Rita procurou mostrar a invisibilidade negra no Brasil atual, além de falar um pouco do que são as cotas, dando exemplos como a meia entrada para estudantes e idosos em eventos culturais e a gratuidade em ônibus para pessoas acima de 60 anos. Depois, Natanael e Augusto falaram da questão indígena, procurando abordar um pouco da história dos povos indígenas, da necessidade de cotas para indígenas nas universidades e a necessidade de que esta cota venha acompanhada também de uma abertura para que o indígena não perca sua identidade própria na Universidade. Por fim, Suelen buscou tratar mais da questão específica de Santa Maria, da Universidade Federal, tratando do acesso e da permanência de cotistas nas Universidades.
A tarde, que virou noite, também contou com apresentação artística e troca de ideias após as exposições dos convidados à mesa.
Veja algumas fotos do que foi a Aula Pública sobre Ações Afirmativas. 

   
   
   
   

UMA AULA SOBRE AS COTAS, texto de João Victor Moura e fotografias de Tiago Miotto.

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