Desde muito cedo tive contato com bandas e música. Uma dessas, que eu curtia e curto até hoje, se chama Dominatrix. Acho que foi meu primeiro contato com feminismo e outros temas, pois eu só ouvia música que as pessoas me gravavam – eu não tinha MTV. Escutar uma banda só de mulheres protestando por direitos homossexuais e contra o machismo fez eu ver a música e o mundo de uma maneira diferente.
A partir disso, tudo sempre prende minha atenção ao assunto, mesmo que virtualmente. Já sabia há algum tempo da “Marcha das Vadias” , que ocorria em outros lugares do mundo. Mas uma coisa é tu saber do assunto, outra coisa é tu vivenciar. Indo na marcha aqui de Santa Maria, tive o contato direto. Vi que a coisa comoveu e foi séria, com uma proporção enorme, talvez uma quantia de gente beirando as mil pessoas.
Bastante publico LGBT, adolescentes, crianças e também idosos. Eu me admirei. Às vezes erroneamente subestimo Santa Maria culturalmente, mas estamos falando, acima de tudo, de uma questão cultural. Vivemos num estado bastante conservador, que carrega vícios e virtudes de uma colonização europeia (esta carregada da cultura católica e protestante). Essas pessoas foram às ruas lutar contra o machismo, lutar por liberdade de expressão, lutar contra uma cultura ruim que está enraizada há séculos no nosso povo
Termino essa postagem com uma letra muito relevante da banda Dominatrix, que tem a ver com violência à mulher.
“um de vocês vai dizer que não viu nada, não ouviu nada.
um de vocês vai me dizer ‘vai devagar, sem acusar’.
a violência se faz,
a indiferença se faz,
a intolerância se faz sem testemunha.
dentro de casa, nas ruas do subúrbio,
dentro de casamento e nas delegacias.
não faz mal pensar que não se está só.
e também sofrem as ricas disfarçadas as mães executivas, e as presidiárias.
o grito mudo das filhas do subúrbio penetram nas entranhas do teu ouvido surdo.
não faz mal pensar que não se está só”
(Filhas, mães e irmãs- Dominatrix)
Um festival muito interessante que rola no Brasil, a quem interessar, é o Vulva La Vida. Abaixo, como foi a Marcha das Vadias em Santa Maria.
[Veja também: A MARCHA DAS VADIAS por Lucas Figueiredo Baisch]
A MARCHA DAS VADIAS, pelo viés do colaborador Ivon Fernandes Nunes*
*Ivon Fernandes Nunes é estudante de Sistemas para Internet na Universidade Federal de Santa Maria