Há 48 anos o Brasil entrava no período mais amargo da sua história: a Ditadura Civil-Militar. Desta época restam dúvidas, crimes, a lei da Anistia falha e famílias sem os corpos de seus filhos e filhas; pensando nisso surgem no país diversos comitês/coletivos/fóruns que defendem a memória, a justiça e a verdade. Tais comitês reivindicam a revisão da Lei da anistia, a abertura dos arquivos militares, o reconhecimento por parte do Estado brasileiro dos crimes cometidos em seu nome e a punição dos responsáveis.
Em Santa Maria não poderia ser diferente e em Setembro de 2011 foi fundado o Comitê Santamariense de Direito à Memória e à Verdade, que hoje é aberto para qualquer pessoa que desejar construir uma história alternativa do nosso país. No momento aderem à entidade o DLD (Diretório Livre do Direito), DACAR (Diretório Acadêmico do Curso de Arquivologia), DAQUIPALM (Diretório Acadêmico Quilombo dos Palmares), DAFIL (Diretório Acadêmico da Filosofia), DCE UFSM (Diretório Central dos Estudantes), o Macondo Coletivo e o Fora do Eixo.
Importante destacar a participação que a juventude voltou a ter nos últimos tempos, quando o tema é a Ditadura. Nas últimas semanas, lembrando os 48 anos do golpe de 1964, vários grupos em diferentes cidades do Brasil resolveram ir às ruas e “botar a boca no trombone” denunciando torturadores, tantos os que ficaram escondidos em suas casas, quanto aqueles que foram ao Clube Militar honrar a “Revolução de 1964”. Em oposição à comissão da Verdade os grupos mais conservadores da sociedade argumentam que os “terroristas” foram combatidos por pertubar a ordem pública, além de que a Lei da Anistia “selou a paz entre ambos os lados”, lançado notas onde desafiam sua própria hierarquia interna e a posição da Presidenta Dilma Rousseff e suas ministras em relação ao assunto.
O esclarecimento da história e a punição dos culpados pelas atrocidades cometidas durante a Ditadura Civil-Militar brasileira são direitos dos cidadãos e cidadãs desta terra, somente desta forma poderemos ter uma verdadeira transição democrática. Além disso, devemos observar que os legítimos arquivos do período autoritário-repressivo são aqueles das pessoas que vivenciaram as situações de abuso de poder do Estado brasileiro. Por esse motivo, os relatos de violência necessitam ganhar o espaço público, tendo em vista que não há perdão sem o devido pedido, bem como é bastante difícil reparar os danos aos direitos humanos violados na mesma proporção em que ocorreram.
Já passou da hora de saber o que realmente se passou nos porões da ditadura, e isso não é revanchismo. Pessoas foram torturadas, violadas, estupradas e ninguém sequer assumiu o erro de ter feito isso. O que buscamos é respeito à memória, à verdade e justiça.
POR RESPEITO, MEMÓRIA, JUSTIÇA E VERDADE, pelo viés do Comitê Santamariense de Direito à Memória e à Verdade.