Um “Blog para chutar a cara das feministas, meter ‘a real’ no ‘mangina’ [sic] e massacrar toda a escória esquerdista e politicamente correta”.
Assim se auto-intitula o blogue de Sílvio Koerich, “o perdedor mais foda do mundo”. Sílvio, ou o codinome de alguém que não quer se identificar – e, se fosse identificado, seria automaticamente réu de crimes como preconceito racial e danos morais -, escreve quase diariamente sobre temas curiosos. Curiosos, talvez, não fosse o termo mais próximo a ser usado para descrever a identidade do blogue de Sílvio. “O perdedor mais foda do mundo” fala em “estuprar lésbicas como forma de penetração corretiva”, trata a raça negra como “aquém da civilização” e já insultou a escritora de esquerda, professora da Universidade Federal do Ceará, cronista de cinema e feminista Lola Aronovich, alcunhando a mestra como uma “mistura de filhote de cruz-credo com despacho de macumba”. Tais postagens não compreendem nem a metade dos assuntos tratados por Sílvio Koerich em seus textos, cheios de preceitos ricos em detalhes, como a “receita” básica para estuprar uma menina homossexual.
“Aí algum mané vai me perguntar ‘cadê a camisinha, Silvio?’. A real é que a penetração corretiva vai gerar vida, por isso você deve escolher uma mulher que não te conheça, seu paspalho de merda.”
Ao mesmo tempo em que o leitor com bom discernimento fica estarrecido com o que lê, automaticamente vem-lhe uma questão: seria realmente fato tanto o nome do autor quanto o que ele escreve na página ou tudo isso não passa de uma brincadeira sem graça a ser desvendada pelos cibernautas? Mesmo que essa derradeira ideia fosse válida, restariam mais interrogações: o que ali está documentado não caberia na lista de crimes contra a ética diante a Justiça? O caráter que “Sílvio” optou para usar o perto livre-arbítrio da internet vem afetando o alento psíquico, a moral e a intelectualidade de muitos indivíduos. Silvio se diz viril e chama seus companheiros, citados no blogue, de “guerreiros da real viris”. Mesmo que fosse uma charada, entraria para o rol das piores.
Segundo o Código Penal Brasileiro, vigente desde 7 de dezembro de 1940, criado pelo decreto-lei nº 2.848 e alterado em 2009 segundo a Lei 12.015/2009, constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso pode gerar uma pena de reclusão carcerária entre 6 a 10 anos. A postagem “Penetração Corretiva – Lésbicas: a abordagem” no blogue de Sílvio Koerich caberia na ordem judicial como estímulo a crime previsto em lei ou a liberdade da internet pouparia também atos de preconceito e de menção ao estupro?
As últimas mudanças do Código Penal consideram as alterações ocorridas no estilo de vida da época em que foram escritas as primeiras leis, 1940, e atualmente. Um dos parágrafos do novo texto evidencia que as mudanças legislativas pretendem resguardar a dignidade sexual e não os costumes. De início, os delitos sexuais eram considerados como crimes contra os costumes. Agora, a lei busca determinar que todo brasileiro tem a liberdade de autodeterminação de manter uma vida sexual conforme seus desígnios e, principalmente, que ninguém pode intervir na “livre vontade sexual de realização humana”. Talvez não fosse nem necessária uma lei, mas, para alguns casos, a lembrança judicial se transforma válida.
Entretanto, tratando-se do discurso machista e arcaico do blogue referido, uma das postagens, denominada “Amor com novinhas, Legalize JÁ!”, traz a pedofilia não como crime passível a ser julgado como delinquência e como assédio a menores de idade, os quais ainda não discernem sobre sua própria sexualidade, mas sim como prática normal do instinto masculino em querer transar com meninas. Num dos parágrafos o autor expõe: “Antigamente o homem vivia em paz e harmonia com a natureza e sua fêmea, a mulher; a mesma sempre o [sic] obedecia e era submissa ao parceiro. (…) Mesmo nessas épocas os homens já pegavam novinhas, entre 10 e 14 anos, era um ato praticamente natural”.
A atual lei revoga a silhueta da lei escrita por homens embarcados na década de 1940, passando a disciplinar tal conduta como atentado violento ao pudor, justamente como delito de estupro. A sociedade do século XXI busca, por variados meios, principalmente pela internet, levar ao caminho da Justiça Legal parâmetros processuais para amparar o cidadão contra crimes realizados por outros cidadãos ou pelo Estado. Mas, quando se abrem as portas da dita “liberdade de expressão”, passando a configurar quase como sem ressalvas, a sociedade mostra os dois lados da moeda. Mesmo que muitos busquem direitos, respeito e dignidade de vida para si e/ou para quem ainda vive sob preconceito ou qualquer forma de opressão, quando se vira a moeda, percebe-se que muito de sórdido ainda transcorre nos mesmos seios.
Na Lei 11.829, de 25 de novembro de 2008, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva decretou uma alteração em lei mais antiga, de 1990, baseada no Estatuto da Criança e do Adolescente, que aprimoraria o combate à produção, à venda e à distribuição de pornografia infantil, bem como criminalizaria a aquisição e a posse de tal material e outras condutas relacionadas à pedofilia na internet. Ademais, a questão primordial é entender se o delito justapõe-se apenas na amostragem e na reprodução de cenas de sexo com crianças ou se a alusão à pedofilia, como ocorre no blogue do “perdedor mais foda do mundo” poderia se encaixar em conduta criminosa.
“Não é fácil esconder por muito tempo a doença gay e da pedofilia num ambiente onde há restrições morais cristãs. Mas, dentro do marxismo e do movimento homossexual, é possível sair do armário, com o devido acobertamento e proteção, pois ilusões e mentiras fazem parte do jogo homossexual e marxista”. Esse parágrafo tão informativo sobre a “doença gay” e sobre as ilusões que o marxismo e a homossexualidade trazem à sociedade jaz excepcionalmente sobre uma senilidade tão hostil que resta ao leitor circunspecto apenas a leitura cômica ou desarticulada de zelo.
A ausência de pudores no blogue de Silvio Koerich pode ser explicada por transtornos psiquiátricos que se elucidariam por atividades geralmente ilustradas pelo doente com pretextos ou racionalizações de que possuem “valor educativo” para a sociedade, de que não importa como nem com quem, mas que é importante ao ser humano obter prazer sexual. Não é necessário recorrer à psiquiatria quando se obtém do próprio autor do discurso tal citação: “Depois de penetrar a vadia é só dar um banho nela, lavar com muito sabonete (sempre com luva), dê uns tapas viris na bunda dela (senão ela não sente firmeza, idiota) e depois abandone-a em um local ermo”.
A psiquiatria atual corrobora o caráter doentio de homens e mulheres com algum tipo de doença sexual violenta caracterizada segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), da American Psychiatric Association (Associação Psiquiárica Americana [sic]). Para o ramo das ciências humanas psíquicas, é necessário estudar a vida do indivíduo com transtornos para poder diagnosticar algum tipo de perturbação, tanto no convívio diário com outras pessoas quanto nas horas em que a doença se explicita mais. Segundo a Classificação de Doenças da Organização Mundial da Saúde, as parafilias se configuram como “uma sexualidade individualizada por acometimentos sexuais intensos e recorrentes, modulados por fantasias e manifestação de comportamentos não convencionais, provocando alterações desfavoráveis na vida familiar”. Ainda sobre a Classificação das Doenças, é evidente que as vítimas dos doentios são mais afetadas psicologicamente após os atos ou insultos por geralmente não conterem transtorno psicológico algum até o momento do abuso, ou mesmo transtornos pessoais.
Se o ramo da Psiquiatria compreende os maníacos sexuais como pessoas realmente doentes e necessitadas de amparo, a Justiça ainda não se mostrou efetiva quanto aos milhares de pedidos de cibernautas pela anulação do direito de permanência do endereço na web ou pela investigação e possível criminalização dos atos escritos e divulgados pelo blogue, que além de exacerbar o preconceito, insultar raças, denegrir a imagem de pessoas e fazer apologia a crimes violentos, tem seu endereço aberto a quem quiser visitar. Para terminar, Sílvio deixa claro: “As denúncias que a associação de bichas do Brasil estão [sic] fazendo não vão me derrubar, pois estou acima de tudo e de todos”.
PARA CHUTAR A CARA DAS FEMINISTAS, pelo viés de Bibiano Girard.
Interessante a reportagem. O mais chato não é me caluniarem. Até porque ninguém vai levar isso adiante, né? Imagina só: “É, aquela Lola é terrível mesmo. Onde vc leu essas coisas sobre ela?”. Resposta: “Ah, num blog que defende pedofilia, estupro, racismo, homofobia e extermínio de mulheres acima dos 30 anos”. Acho que se depender disso minha reputação está salva. E posso até escolher minha calúnia favorita: a que eu saio da aula a cada 10 minutos pra fumar e fumo dentro da sala em dias de prova. Detalhe: eu não fumo. Odeio cigarro.
Não, se ficasse só nisso… O pior são as ameaças de morte. Eu comento um pouco aqui: http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2011/09/mascus-ameacam-escoria.html
Há muitas denúncias sobre o blog sendo feitas à Polícia Federal, ao Ministério Público, à Safernet e até ao FBI (já que o blog está hospedado em Chicago, e envolve pedofilia). Devido a tudo isso, outros blogs masculinistas andam fechando as portas. Esse é o lado bom. Vamos ver se podemos brecar essa impunidade absurda.
Não se pode entrar na Justiça pra se retirar esse site do ar? Já que seu responsável se esconde no anonimato, ao menos o seu conteúdo – que diretamente ataca preceitos constitucionais e faz apologia a crimes, até mesmo assassinato – pode e deve ser retirado do ar. É o mínimo de proteção que a sociedade deve ter em casos como este.
terrível pensar que muitos apoiam e compartilham esse pensamento.
agora ele montou outro que ensina com fotos da ex-namorada a estuprar uma lésbica e ela mesma
olha o show de horrores!
[link suprimido]*
COMENTÁRIO EDITADO: *A política de comentários do Viés prevê que incitações a violência não são toleradas nos comentários. Neste caso, a divulgação de um sítio que incita a violência é contrário aos termos da nossa política de comentários, disponíveis em todas as páginas passíveis de serem comentadas.
acha que é tudo brincadeira é??
entre nesse site
[link suprimido]*
nao tem brincadeira nenhuma [termos suprimidos]
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Dei uma olhada agora e o blog aparentemente já saiu do ar…
ESTE ESCRITO DO BLOG IDIOTA É O MESMO IMBECIL QUE VIVE FALANDO AS MESMAS MERDAS EM SEU FACEBOOK SO NAO VER QUEM NAO QUER
esse não é o verdadeiro blog do silvio… isso aí é fake….
Caramba, não sei nem o que dizer…
Que tristeza.