O Massacre de Katyn, nome de uma região na Rússia, ocorreu entre abril e maio de 1940. Nele, cerca de 22 mil oficiais poloneses foram assassinados pela NKVD (em português, Comissariado do Povo para Assuntos Internos), a polícia secreta do Partido Comunista da União Soviética. Com as forças armadas polonesas enfraquecidas, seria mais fácil, assim, assimilar o país à URSS.
Os primeiros corpos foram encontrados na região pela Alemanha Nazista em 1943 e o anúncio da descoberta daquele campo criou uma crise diplomática entre a Polônia e a URSS, que alegou que o campo de Katyn era também obra dos nazistas. Só em 1990, através de Mikhail Gorbachev, a Rússia admitiu ser o campo de Katyn responsabilidade da NKVD. Durante os anos de ocupação soviética na Polônia, qualquer menção do envolvimento da URSS com o campo de Katyn era razão suficiente para ser morto, já que a história oficial ditava clamar que as 22 mil pessoas assassinadas em Katyn eram culpa dos nazistas.
O filme ‘Katyn’ (2009), do diretor polonês Andrzej Wajda [‘Danton’ (1983) e ‘Terra prometida’ (1975)], tenta reconstruir esse momento por um viés polonês, através de histórias de pessoas polonesas que se viram, de alguma forma, envolvidas nesse massacre. As cenas são obviamente fortes e chocam a todo momento. Não há sangue para todos os lados, como de costume em filmes de guerra, pois este não é um filme de guerra, mas uma película que nos põe a questionar, afinal, o porquê de ela existir. Jogos políticos, interesse sobre interesse, desrespeito com as pessoas, ‘Katyn’ é um belíssimo filme sobre a história da Polônia por poloneses.
No elenco, estão ainda Maja Ostaszewska [‘A Lista de Schindler’ (1993)], Andrzej Chyra [‘Persona non grata’ (2005)] e Artur Zmijewski [‘We’re all Christs’ (2006)]. O filme é de 2009 e tem cerca de duas horas de duração.
COM QUANTAS HISTÓRIAS SE FAZ A HISTÓRIA?, pelo viés de Gianlluca Simi
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