Luis Fernando Verissimo escreveu um dos melhores livros do ano. Quiçá, o melhor. É difícil, sabemos, manter a tensão agregada a uma comédia que faz rir nervoso.
Tudo começa quando um editor, homem frustrado com o emprego, frequentador assíduo do Bar do Espanhol de sexta à domingo, recebe um envelope misterioso. Como editor, lê e descarta os textos que declara escrever à pessoa pedindo que desista da literatura. Porém, com esse envelope, o diário de Ariadne, escrito sem vírgulas em primeira pessoa, com erros crassos de gramática, a vida do editor ganha novos ares diários.
O que de tão envolvente tem o diário de Ariadne? A resposta vai sendo construída a cada capítulo que chega. Um amor proibido, um irmão que sumiu, um marido que a oprime, uma mãe entristecida, a casa do Ipê Amarelo e seu morador.
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“Será que escreve com a lâmpada de cabeceira sob as cobertas?” Tudo indica que Ariadne escreve tal diário enquanto o marido não está. Um mistério, uma árvore retirada da praça trocada por um círculo feio de cimento. Será que o irmão sumira no dia da construção do círculo de cimento?
Com um romance cheio de figuras cômicas e uma história inovadora e surpreendente, Verissimo parece ter criado um roteiro a ser filmado por Jorge Furtado. Seria um projeto arrebatador.
A comédia do livro começa quando o editor e os amigos de bar, preocupados com a segurança de Ariadne, idealizam a “Operação Teseu”. O mistério passa a ser estudado in loco, porém, seguido de situações não previstas por um grupo de espiões tão dedicado.
Bom, para guardar o mistério de “Os espiões”, o texto fica por aqui. Vá com os amigos bêbados do Bar do Espanhol à procura de Ariadne. Vale muito a insegurança.
OS ESPIÕES E A OPERAÇÃO TESEU, pelo viés de Bibiano Girard
bibianogirard@revistaovies.com