Desde a Academia de Platão, na Grécia Antiga, passando pela Universidade de Bolonha, na Itália, a universidade mais antiga do mundo ainda em funcionamento, criada em 1088, chegando aos punhados de cursos charlatões à distância, as universidades fazem parte da história da humanidade. Foram criadas e existem até hoje para formar pensadores, pesquisadores e profissionais, nunca devendo formar só um desses isoladamente. Infelizmente, a Universidade Federal de Santa Maria e, em especial, os cursos de Comunicação Social, donde posso falar, têm mal cumprido esse papel.
Nos últimos anos, tem-se discutido muito a respeito do REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), seus objetivos e sua eficácia. A UFSM cedeu às ameaças de cortes de verbas caso não aderisse ao programa e, com isso, vieram as consequências: contratação urgente de novos professores, estofamento de novos alunos e construção de mais alguns prédios que, em alguns anos, estarão nas mesmas condições dos que já existem. Além dessas consequências, há esta: a criação de novos cursos. Deveria ser bom. E como por toda a universidade, assim fez a FACOS (Faculdade de Comunicação Social) ao criar o curso de Produção Editorial. Para que se criasse um novo curso, no entanto, foi necessário re-arranjar os currículos existentes. Desastroso!
Partimos do fato de que nenhum dos nossos professores sabe ainda explicar o que se estuda e se faz em Produção Editorial. Poderíamos confiar nas definições da internet, mas sabemos mui bem quão vagas elas são. Da criação do novo curso à mudança curricular, cada outra parte só piora.
Quem entra na universidade certo, ou até mesmo meio certo, de que o curso que escolheu é o mais apropriado para si ou, no mínimo, tem algo a ver consigo já tem algo em mente. Excessões existem, opiniões mudam, mas os estudantes universitários têm noção do que querem. Se algum dia, portanto, já foi possível ter sequer algum controle sobre sua própria formação na FACOS, hoje é completamente impossível. Há um enchurrada de novas cadeiras obrigatórias, mudanças de nomes, de pré-requisitos. De repente, futuros pensadores-pesquisadores-profissionais da Comunicação, área esta tão convergente e fronteiriça, veem-se na posição de meros futuros profissionais. Num golpe do mercado e do desinteresse pelos estudantes, criaram-se cadeiras que ensinam a abrir empresas, a trabalhar em ONGs, a administar ONGs, a tirar fotos posadas, a estudar ONGs, a escrever relises. Não podemos estudar nada que nos interesse a fundo, não escolhemos nada, já está tudo decidido pelos próximos quatro anos. Façam isso, estudem aquilo, leiam este daqui e basta!
Nós, da FACOS, estamos cercados por disciplinas obrigatórias que nos ocupam anos a estudar coisas que talvez não nos interessem e não nos aproximarão da pessoa que queremos ser. “Mas pode ser que no futuro vocês trabalhem com isso”! Pode ser, mas farei de tudo para não ter que trabalhar com isto, isso ou aquilo que me desencante. Se quisesse ser um pouco sabido em coisas demais, não teria entrado para a universidade. Nosso currículo está podre, voltado só ao mercado (note o só), formando robôs, ditando as regras do jogo. Não esperava que, logo na universidade, instaurar-se-ia a ditadura curricular. Quero estudar sociologia, antropologia, economia, história junto com a comunicação?! Não posso! Devo estudar semestres sem fim de telejornais, programas de rádio, sítios, jornais e mais ONGs (mais?). Mas não é disso que vive a Comunicação? Não só disso (note o só). Quem seremos nós, futuros comunicólogos, com excelentes habilidades de edição, de filmagem e de administração de ONGs, mas sem nenhuma noção consistente e densa da sociedade, da cultura, da economia, do trabalho, do meio ambiente, da história, enfim, das outras pessoas?
Desde a Academia de Platão, onde se discutia, ao declínio da FACOS que começa a se apresentar, eis a evolução – aquela de só andar para a frente. Um novíssimo curso que ninguém sabe explicar muito bem e novíssimas cadeiras, decididas às escuras, sem nunca ouvir o que achávamos nós, os estudantes, que, a partir de agora, teremos de desistir de tantas outras coisas que poderiam nos fazer pessoas melhores para estudar o que “é melhor para nós”, como futuros profissionais – pois será só (note o só) o que seremos.
Claramente, como mostram os movimentos históricos, há um grande “se” nessa história!
POR UMA NOVA ACADEMIA, pelo viés de Gianlluca Simi
gianllucasimi@revistaovies.com
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Parabéns pelo texto, Gian…
em muito dá voz a ao desagravo que muitos de nós (talvez não todos) temos com o currículo atual. Currículo essencialmente técnico e de poucas alternativas (ou quase nenhuma) para além disso, principalmente para uma formação mais humana e social.
Porém acho importante esclarecer alguns pontos: a adesão da UFSM ao REUNI se deu de maneira bastante atropelada e sem a devida discussão, sempre importante em programas como esse, porém jamais existiu ameaças de corte de verbas! O que seduziu várias IFES a aderirem ao REUNI foi o generoso dinheiro oferecido pelo governo federal (dinheiro para a implantação de cursos novos, e não para a manutenção, o que um é grande problema).
O re-arranjo nos cursos da FACOS foi a entrada de mais 15 alunos nas três habilitações já existentes. As mudanças no currículo são procedimentos padrões em qualquer universidade e nada tem a ver com qualquer programa de governo (aliás, só na sexta tem reformas curriculares de 18 cursos no CEPE). O que deu o caráter mais técnico e “onguista” ao nosso currículo foi uma exigência do mercado (e pode até se dizer que o REUNI também seja, mas com trocentas ressalvas) pela atuação cada vez maior de profissionais de Comunicação no dito, amado e odiado terceiro setor.
Não conheço o currículo atual, e não posso falar por ele, mas na minha época, havia várias lacunas na parte técnica de algumas disciplinas. Durante o cursar das disciplinas da Comunicação, fiz vestibular e ingressei nas Ciências Sociais da UFSM por ter o anseio de conhecer mais, de ampliar meus horizontes, e atualmente vejo nela um vasto campo de reflexão (o que infelizmente na FACOS não foi possível naquela época, apesar dos Grupos de Estudo existentes).
Creio que o Curso de Comunicação Social vem progredindo a olhos vistos, com o mestrado e novas estruturas que permitirão organizar melhor a grade curricular. São melhorias que devem ser aplaudidas, em meio a tantos desgastes que a imagem da Comunicação vem sofrendo. Trabalhar em uma Universidade Pública, com os recursos federais escassos, é uma luta que constantemente exige dos professores esforços; e dos professores e professoras que conheço do curso, como as professoras Ada, Eugênia e Márcia, creio que lutem bastante para prover o que alguns consideram como o mínimo. Os estudantes sempre querem mais, (e, ao meu ver, estão certos), mas também há outros cursos que possuem suas demandas dentro da instituição.
Espero que essa nova reestruturação tecnicista seja apenas um início, e que em breve sejam ampliadas as possibilidades de pensamento. Conforme o Gianlluca disse: Antropologia, Economia (e quem sabe Filosofia)… Ampliar a gama de entendimentos, é sempre salutar. Mas as coisas andam a seu tempo, às vezes mais lento do que se desejava, despertando descontentamentos.
Gianlluca. Muito importante tua reflexão. Mas algumas coisas que tu citas me causam estranhamento. As coisas mudaram muito na FACOS porque na época em que cursei jornalismo – de 1998 a 2001- havia o contrário do que tu comentas. Os alunos reclamavam da carência de atividades mais técnicas ou voltadas ao mercado. No início do curso tínhamos disciplinas mais teóricas e da metade do curso ao final, aí sim, nos envolvíamos com a produção de jornais, documentários e programas de rádio. Acredito que era uma falha do curso isso: muita teoria no início do curso, sem prática, e falta de teoria no final do curso. Que engraçado: o currículo da minha época tinha disciplinas de Filosofia, Lógica, Psicologia e Sociologia. Mas a coisa está muito melhor agora, não há dúvidas. Não tive cadeiras de jornalismo digital, por exemplo. Havia poucos recursos comparado à situação de agora.
Não vejo como ruim cadeiras que ensinam o jornalista a abrir empresas ou trabalhar em ONGS. Uma formação voltada SÓ ao mercado seria formar jornalistas para as empresas. E isso foi muito forte na FACOS. A TV CAMPUS era laboratório de repórteres da RBS TV. Pra entrar na TV, tinha que passar por uma entrevista e a equipe que entrevistava sempre tinha alguém da RBS. Felizmente isso não existe mais. É necessário formar profissionais que saibam, sim, ser empreendores, abrir seu próprio negócio. É urgente que as faculdades não se voltem mais à formação de empregados. Nesse sentido, acho positivo cadeiras que tenham um olhar diferente de mercado. Mercado nao precisa ser sinônimo de empresa. Que mercado espera por vocês hoje? é importante fazer esta discussão. E concordo contingo sobre os alunos serem ouvidos. Infelizmente, as coisas vêm mesmo de cima pra baixo pra vcs.
Eu concordo com tua indignação, mas vou falar algo que pode soar bem clichê. Uma boa formação também depende do envolvimento dos alunos. O PET tem promovido discussões interessantes que proporcionam o aprofundamento em diversos assuntos. As atividades sao abertas e eu não sei se os alunos tem participado. Há grupos de pesquisa na FACOS que também tem cumprido com esse papel de discutir o jornalismo. O DACOM também pode promover encontros de estudos e de certa forma já faz isso na Semana Academica.
Também acho que falta integração entre o mestrado e a graduação. E isso é uma falha.
Engraçado que a FACOS sempre foi referida como muito teórica em relação à UNIFRA, por exemplo, esta sim, tachada de instituição que forma profissionais para o mercado.
Enfim, Gianlluca. Tem muita coisa pra discutir. Eu te parabenizo pelo texto e por ter levantado o assunto, mas será que a situação é tão catastrófica e caótica assim como tu afirmas no teu texto? Eu tenho dúvidas…
Gianlucca, acho pertinente suas preocupações com relação ao despreparo da instituição para receber o novo curso de Produção Editorial. Acredito que seja um problema que também tenha ocorrido em outras áreas que aderiram ao REUNI e que tiveram de se adaptar rapidamente. São problemas que devem ser apontados por alunos e professores, a fim de se buscar soluções.
Sobre o currículo da FACOS, tenho ressalvas. Concordo com o comentário da Silvana: antigamente, os alunos criticavam a FACOS por apresentar um currículo muito teórico e por oferecer poucos estudos técnicos e, inclusive, pouquíssima relação com as práticas do mercado. Por outro lado, também concordo com você quando fala que o aluno de comunicação deve ter uma formação abrangente em diferentes áreas da humanas. Infelizmente não é possível que em apenas quatro anos sejam oferecidas disciplinas suficientes para atender a tantas demandas na formação satisfatória de um profissional de comunicação. É aí que entra uma questão que você não tratou, e que a Silvana comentou: também cabe ao aluno correr atrás da sua formação. Já experimentou perguntar a seus colegas se eles buscam com frequência se matricular em cursos como história, sociologia, filosofia e economia? E o curso de direito? E as letras? A UFSM permite este intercâmbio de alunos com o recurso de “disciplinas optativas”. O fato é que um currículo de quatro anos é muito pouco, e ainda mais nesta era em que novas competências surgem ao profissional da comunicação, principalmente devido às mudanças impostas pela informática e pelas redes.
No GP em que participei neste último Intercom em Caxias do Sul, quando começamos um debate sobre convergência de tecnologias, havia alunos de graduação reclamando que no curso deles não havia disciplinas que os ensinavam a editar, a programar, a montar sites… justamente o inverso de sua crítica! O cobertor é curto: pra puxar carga horária a estas disciplinas, deve-se tirar horário de outras. No meu tempo de FACOS, já existiam muitas lacunas na formação; hoje devem existir muito mais. Também é responsabilidade do aluno tentar preenche-las (e, preferencialmente, tentar isso em todos os semestres).
Sobre a crítica às “cadeiras que ensinam a abrir empresas”: pena que no meu tempo de FACOS elas não existiam. Elas existem justamente para incentivá-los a tomar as rédeas do mercado com iniciativas próprias, ao invés de deixarmos o tal mercado na mão das poucas empresas de comunicação já constituídas. Se, como você afirmou, o “currículo está podre, voltado só ao mercado […] formando robôs, ditando as regras do jogo”, saiba que isso ainda ocorre porque pouquíssimas empresas dominam o mercado e continuam ditando tais regras. Se estas cadeiras existissem há mais tempo nas faculdades, talvez o cenário hoje seria um pouco diferente.
Para finalizar, minha sugestão é: lutem por um canal de comunicação mais direto com a coordenação da área. No mestrado, nós nos reunimos com professores e coordenadores para debater o andamento do curso. Peçam para serem ouvidos. Insistam nisso. Talvez a solução não seja a criação de novas disciplinas ou exclusão de outras, talvez a solução passe por alguma forma de orientação aos alunos quanto ao aproveitamento de disciplinas (já existentes em outras áreas), de laboratórios voltados à pratica, de grupos de estudos etc.
A questão de fundo não se trata de uma política local para o ensino, mas de uma movimentação maior, do MEC para todas as universidades, sejam elas privadas ou públicas. Em primeiro lugar, o Brasil assinou com organismos financeiros internacionais a aceitação de recursos mediante a adequação do quadro econômico interno. As exigências dos gringos não passam apenas pelo cumprimento de metas para o pagamento da dívida, mas também de adaptação do mercado para atual de empresas estrangeiras que atuem em terras tupiniquins. A formação de um banco de reserva de mão-de-obra especializada é uma dessas exigências. Foi nesse quadro que as universidades privadas perderam o caráter filantrópico para tornarem-se (mediante benefícios fiscais) empresas propriamente ditas. a contrapartida disso é a universidade tornar-se uma espécie de colegião técnico de 3º grau. As matérias técnicas começaram a predominar ainda na década de 90 nas universidades privadas, criando (ou aumentando as diferenças) com as públicas. Nessas, o movimento docente, estudantil e dos servidores administrativos barrou seguidamente as tais reformas (vejam o número de greves, que aconteceram não só por questões salariais), e o governo, premido pelas exigências acordadas com o FMI e Banco Mundial, atacaram paulatinamente as universidades. Retirou, ou não atualizou os orçamentos, provocando a quebra das universidades públicas e, principalmente, a tríade ensino, pesquisa e extensão. Fecharam as portas para financiamento de projetos, reduzindo esses recursos, abrindo – como saída – o recurso das intermediárias fundações ditas de apoio. De um momento para outro, os projetos, intermediados pelas fundações tomaram conta de nosso dia-a-dia. Não havia servidores, eram contratados trabalhadores mediante pagamento via fundação, sustentada principalmente pela captação de recursos na iniciativa privada. É óbvio que esse apoio de empresas tem um preço; o de utilizar o patrimônio público com fins específicos de legitimar experimentações (não pesquisas, digas-se de passagem). Em algumas universidades, as empresas patrocinam inclusive o salário de professores para que ministrem disciplinas que interessam à empresa.
Ressalto que é evidente que o crescimento de empresas de ensino superior, sob o apoio explícito do governo, provocou a criação premeditada de centenas de cursos, aumentando o número de formados em proporção maior que a do mercado de trabalho. O desemprego aumentou muito na faixa dos profissionais saídos da universidade, ao mesmo tempo que os salários baixaram… As empresas coletam os profissionais, selecionam os melhores, pagando salários abaixo da média, tendo sempre um banco de reserva para a substituição. Só para ter uma idéia, o Prouni – alardeado como o grande trunfo do MEC, sob a batuta do Tarso Genro, tirou dinheiro das universidades públicas e passou a sustentar as empresas privadas de ensino, pagando vagas para estudantes. A questão é que o MEC não tem qualquer cuidado com o que se ensina nessas instituições, desde que tudo esteja tudo legalizado (é uma estranha maneira de defender a autonomia…). Apesar do dinheiro público, os objetivos são diferentes de privadas e públicas. É evidente as empresas estão voltadas ao lucro, logo…. No fim do túnel, o formado é que pagará o pato. Ou a sociedade.
O desgaste da escola pública segue o mesmo princípio das rodovias: deixam degradar, provocar acidente e mortes, depois, abre-se as licitações para a instalação de praças de pedágio. Quem já não ouviu falarem: “eu pago, mas tenho estradas boas”. Pois é.
A universidade pública está sob ameaça. Isso pela resistência ao tipo de universidade desejada pelo neoliberalismo tucano, herdado com entusiasmo pelo petismo, e em diversas situações foi alvo de mudanças, reformas etc. A questão de financiamento de projetos atraiu muitos setores e – atualmente – vemos um sem número de pessoas contratadas (sem concurso) atuando na nossa UFSM, por exemplo. Setores inteiros foram desativados e até a segurança foi privatizada, assim como a limpeza etc.
Nesse quadro, ao terem a sensibilidade de observarem o tipo de disciplinas ministradas, qualquer um percebe para qual objetivo elas foram criadas. Evidentemente, não para prepararem os estudantes para a sociedade, mas para o mercado. Esse é o viés da questão. Primeiro, para tirar do MEC a incumbência com a manutenção das universidades (apesar do aumento de cursos, a maior parte deles é de caráter tecnológico de 3º grau, atendem a necessidades específicas e até esporádicas do mercado, e de questionáveis interesses. Vejam o que está acontecendo com o Campus de Silveira Martins, um elefante branco. O número de professores concursados é praticamente o mesmo de antes do Reuni (foram utilizadas vagas existentes e não repostas de professores mortos, aposentados, que pediram exoneração, afastados etc…) e a própria UFSM e Ufpel cederam vagas para a Unipampa. Chamo a atenção para o fato da existência do curso de jornalismo, publicidade e propaganda ter sido criado em São Borja (e por que não falar o Cesnors?). Não se levou em conta, sequer, que aquela cidade não tem recursos para manter os formados na região, que serão obrigados a mudarem-se para outros centros (Santa maria, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São Paulo, Braśilia e por assim adiante…) maiores. Ou seja, mercados já saturados, serão mais saturados. Desemprego na certa.
Dessa forma, a criação de disciplinas técnicas segue uma lógica perversa, manipulada pelo capital internacional (e aplaudida por interesses políticos de uma minoria política), que ilude pensar que essa é a nova universidade, quando se trata da destruição da mesma. Em outra ocasião, podemos falar que o apoio a essa política suicida, por parte de muitos docentes, também se dá por algo chamado de “meritocracia”, ou seja, em troca de bolsas, avaliações de desempenho etc, o governo retribui com recursos. Aqueles que recebem, boa parte deles, não percebem que a concordância significa acabar com a pesquisa propriamente dita, formando bolsões de qualidade, em detrimento do ensino técnico imposto. Isso sem falar na delicada questão do conteúdo dos projetos desenvolvidos e premiados com recursos dos órgãos financiadores…. Uma boa parte deles (evidentemente que existem projetos sérios), mera compilação de citações sistematizadas de acordo com as normas da ABNT… que se trasnformam em pontos para a ascensão na carreira universitária.
Só mais uma questão: toda essa política que atinge em cheio a universidade (logo, professores, estudantes…) é baseada em uma estratégia de política econômica que anda a reboque das crises internacionais…. Sabemos que estamos vivendo numa bolha financeira, (a mesma que países como a Grécia, Espanha vivem) e que temos uma economia dependente (o caráter de país emergente é esse): teremos destruído toda a formação de conhecimentos universais, transformando-os em conhecimentos de manual de instruções. O preço que a sociedade pagará será alto demais. Os falcatruas vão agradecer.