É impressionante e agradável ver que alguns curtas-metragens falam muito mais que longas e representam sentidos que, às vezes, um filme caro, repleto de atores e cenas, não consegue.
Porto Alegre é imaginada pelo coletivo popular brasileiro como uma das capitais mais frias e cinzas do país. Oquei, é. Mas o verão, ah!, o verão, em Porto Alegre, é de torrar. Dia 4 de fevereiro deste ano, a capital gaúcha era a cidade mais quente do mundo: sensação de 50º.
Bom, para a RBS, todos os gaúchos, no verão, estão em Capão da Canoa. Sim, os 10.000.000. Para o gaúcho com salário mínimo ou emprego com férias curtas, o verão é só mais uma estação (para alguns, insuportável), e a vida segue como se nada tivesse acontecido. Ônibus, calçadas, portas, trabalho, mercado, ônibus, ônibus, metrô, televisão, cerveja, bar, lojas, ônibus…E é nessa categoria de portoalegrense que se encaixa o personagem principal de Cidade Fantasma.
O curta é de 1999. A direção é de Lisandro Santos e o roteiro de Adalgisa Luz.
Cidade Fantasma conta, em 8 minutos, um dia de um rapaz que permanece em Porto Alegre durante o verão. A cidade ferve (o humor do filme mostra isso muito bem) e a noite é mais vazia. A televisão afundou na areia do litoral norte. Aquele sentimento com as calçadas urbanas. Pessoas urbanas. Um bar (me parece bastante com o célebre Bambus, na Avenida Independência, mas o diretor explicou para a revista o Viés que, na verdade, é a Lancheria do Parque), uma garota, seu olhos, sua viagem terminada no início, uma cerveja, um suco. Tudo vazio, a cidade parece estar em nossas mãos. As janelas são olhos fechados. Isso dá um curta? Aham, e massa!
Assista ao filme que ganhou o Prêmio Especial de Animação em 1999 no Festival de Gramado:
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Filme: Cidade Fantasma Ano: o mesmo de “Manuelita” Direção: o mesmo de “O limpador de chaminés” Roteiro: a mesma que, com Otto Guerra, dirigiu “O arraial”.
CIDADE FANTASMA, pelo viés de Bibiano Girard
bibianogirard@revistaovies.com