Sensual, poético, repulsivo e polêmico são os adjetivos usados para descrever o livro mais famoso de Vladimir Nabokov.
Fugitivo da Revolução Bolchevique, da Rússia, e dos nazistas alemães, na França, o escritor imprimiu em seu personagem Humbert Humbert, de “Lolita”, essa necessidade de fuga.
Em meio a uma “sociedade perfeita”, o protagonista e narrador conta sua história de perversões, movidas por um romance nunca concretizado na infância, que, segundo ele próprio, o transformou em um pedófilo patológico.
Escrevendo de dentro de uma prisão (só descobrimos seu crime no final da história), Humbert Humbert conta sua trajetória até encontrar a menina de 14 anos que se transformaria em sua obsessão, Dolores Haze, personagem ambígua que transita entre a infantilidade cruel e o amadurecimento precoce.
O livro teve duas adaptações para o cinema, a primeira feita por ninguém menos que Stanley Kubrick, em 1962, com a participação do brilhante Peter Sellers roubando a cena como Clare Quilty, e que acaba dando um tom tão irônico quando o do livro, mas muito mais cômico.
A outra adaptação, de 1997, foi dirigida por Adrian Lyne e teve Jeremy Irons como Humbert Humbert e Melanie Griffith como Lolita, porém não alcançou o mesmo sucesso de público e crítica do filme anterior.
Tanto o livro de Nabokov quanto a adaptação de Kubrick merecem estar na estante de qualquer admirador de narrativas ousadas sobre temas que ninguém tem coragem de tratar!
Trailer de “Lolita”, de Stanley Kubrick
LOLITA, pelo viés de Felipe Severo
felipesevero@revistaovies.com
Pra mim a história ficou mais chocante na medida em que a Lolita retratada não era nem de perto o mito criado gerações depois do livro de Nabokov, ou seja, uma figura “cruelmente infantil”.
Dolores sempre foi muito mais um alvo do doente (e ao mesmo tempo tão próximo de nós) Humbert Humbert.
Que livro!