Os acadêmicos do curso de Terapia Ocupacional surpreenderam a comunidade acadêmica pela organização entre os integrantes do Diretório Acadêmico e os alunos do Curso. Antes de todos, depois, juntos a todos, levantaram bandeiras e bradaram ao reitor “Onde estão as nossas salas?”. No meio da tarde de 1º de setembro, o dia da ocupação dos alunos da Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria, os acadêmicos de T.O, como o curso é conhecido, seguravam cartazes e mantinham-se sentados bem à frente da multidão que aglomerava-se no hall de entrada da Reitoria. “Nós não temos professores, nem salas, e o nosso curso já tem dois anos”. “O prazo de entrega dos prédios está atrasado e turmas estão tendo aulas em espaços impróprios”. Para conhecermos de perto as pautas do curso de Terapia Ocupacional, a revista o Viés entrevistou Andressa Ribas Mildner, Acadêmica do 5ª semestre de Terapia Ocupacional e Representante do Diretório Acadêmico. Andressa respondeu a cinco questões rápidas, porém, cheias de reivindicações sérias e urgentes nas respostas. Leia a entrevista abaixo:
revista o Viés: O curso de Terapia Ocupacional tem salas de aulas próprias?
Andressa Ribas Mildner (ARM): Não. O que acontece é que pela falta do nosso prédio acabaram nos colocando em qualquer sala, de prédios diversos, muitas vezes com um cheiro mal, pelo fato de estarem a muito tempo fechadas como depósito.
: Os seguintes laboratórios, existem? – Laboratório de Atividades Corporais e Expressivas; Laboratório de Recursos Terapêuticos; Laboratório de Tecnologia Assistiva.
ARM: Foi nos fornecido o laboratório de Atividades Corporais e Expressivas somente este ano, depois de muitas turmas terem tido inúmeras disciplinas que necessitaria de sua utilização. O Laboratório não abriga mais que 20 pessoas dentro dele para as dinâmicas necessárias. O Laboratório de Atividades e Recursos Terapêuticos até existe, porém não deve ter nem 40% do material solicitado, além de ter um ralo onde passa esgoto – dentro da sala, sem se falar nas péssimas condições das mesas que os professores tiveram que correr atrás (se não ainda não teríamos mesa). Por ultimo, o Laboratório de Órtese e prótese não existe! O espaço físico existe, porém o material para as aulas, não. A primeira turma (no 5º Semestre) corre o risco de não ter a disciplina por falta de materiais.)
revista o Viés: Quantos professores foram efetivados exclusivamente para a criação de T.O? Ou todos os professores já eram docentes da UFSM? Na apresentação das condições físicas do curso liberada pela UFSM, está salientado logo no início do documento que “será necessário, em relação aos Recursos Humanos, a contratação de, inicialmente, 8 professores graduados em Terapia Ocupacional, como previsto no projeto REUNI, com perfil desejado pelo curso, e atendendo as normas institucionais vigentes para concursos públicos para provimento de vagas para docentes”. Isso ocorreu?
ARM: Nenhum professor era docente da UFSM, todos foram contratados após a entrada do curso, e trago em evidência este grande detalhe: entraram os alunos e depois de um mês e meio o primeiro professor (que por sua vez dava todas as disciplinas específicas do curso). “Que curso inicía dentro de uma Universidade sem seus professores específicos? Os alunos chegaram antes?”.
Parece que são 12 professores previstos para o curso até 2012. Estamos nos prazos, entretanto, já deveríamos ter mais docentes. Temo 5 turmas com 6 professores, e a média de disciplina que cada professor ministra é de 7. “Quando é que os mesmos terão tempo para criar programas ou projetos de implantação do curso nos serviços?”.
revista o Viés: O Laboratório de Atividades Corporais e Expressivas, previsto nas licitações abertas para a implantação do curso como uma sala de espaço livre para abrigar 50 pessoas, existe?
ARM: Existe, mas como foi comentado antes, cabe mal e porcamente 20 pessoas, além de não fornecer material adequado para as práticas. (O material previsto seria espelho em toda extensão de uma das paredes, 50 colchonetes, 02 conjuntos de bolas Bobath de diversos tamanhos, 50 bolas de borracha ou de tênis para técnicas de relaxamento, 50 bastões coloridos, 01 conjunto de Thera-Band de diversas cores e resistências e 01 conjunto de Halteres).
revista o Viés: Quais são as principais reivindicações do curso na ocupação da Reitoria?
ARM: Bom, as principais reivindicações se referem a essas questões [expostas acima]. Primeiro, um prazo de entrega do nosso prédio. Vamos exigir que até o inicio do semestre que vem nos entreguem ao menos o térreo para que possamos iniciar nossos estágios. A questão dos professores, para que reformulem a resolução que somente pode ser contratado professores adjuntos, tendo em vista que no Brasil não há mais que 100 Doutores em Terapia Ocupacional. Também há a ideia de diminuir o tempo de editais para concurso até que possam ser contratados professores assistentes. Para contratar este tipo de profissional é mais fácil, pois exige somente mestrado. Outra luta também é a questão dos materiais para os laboratórios, tal qual está nas licitações, datadas de tempos atrás e que até agora nada chegou.
TERAPIA OCUPACIONAL: OCUPANDO A REITORIA, pelo viés de Bibiano Girard.
Agradecemos a colaboração da acadêmica de Terapia Ocupacional Rebeca Sasso.