Moradores preocupados com sua segurançae de suas propriedades. Famílias que necessitam se apropriar de um terreno particular para construir seus lares.Existem os dois lados. E existe um muro separando-os. É assim a convivência entre a Vila Noal e a Vila Natal desde o fim de 2006, quando uma parede pré-fabricada passou a delimitar a fronteira entre as vizinhanças. No fim de 2004, algumas famílias ocuparam um terreno ocioso para ali construir suas casas e formar a Vila Natal. As grades, câmeras de segurança e outras parafernálias não foram suficientes para deter a sensação de insegurança, aumentada com a instalação dos novos vizinhos, alguns residentes na Vila Noal.
A solução tida como viável foi a barreira física e visual. As segregações sociais se materializaram em cerca de 300 metros de comprimento e três de altura.
A relação com o concreto é inevitável – mais para um lado que para o outro. Apelidado de “muro de Berlim”, hoje os moradores da Natal se acostumaram com o imponente vizinho. Alguns usam o muro a seu favor – seja para prender o varal de roupas, seja como parede para a casa. Mas muitos não aceitam as razões dadas para a divisão: “Até no governo tem ladrão”, lembra o líder comunitário. A generalização de casos isolados prejudica toda a comunidade. O posto de saúde, a escola e a quadra de esportes ficaram para o lado de lá.
Até onde um grupo de pessoas pode interferir no direito de ir e vir de outras tantas? Problemas de segurança pública, problemas sociais. O fato é que o diálogo entre os dois lados teima em ser barrado por alguns muros. Concretos ou não.
FRONTEIRA DE CONCRETO*, pelo viés da colaboradora Lara Niederauer¹ Machado e dos redatores Gianlluca Simi e Tiago Miotto
1. Lara Niederauer Machado é acadêmica dos cursos de Jornalismo e Letras, ambos da Universidade Federal de Santa Maria.
*Este ensaio foi primeiramente publicado na revista Fora de Pauta, nº 10 2010, publicação do curso de Jornalismo da UFSM.
Excelente matéria e fotos! Vcs sempre dão um shoW!